Rosângela Moro apagou publicações em que defendia Bolsonaro
Na terça-feira (8) à noite, Rosangela Moro, esposa do ministro da Justiça, Sérgio Moro, fez um post no Instagram pedindo que as pessoas parassem de reclamar e esperassem para ver a que veio o novo governo.
Em tom patriótico, a advogada dizia que os brasileiros precisam se conscientizar que somos um só povo para permitir o avanço do país. E completava: – “chega de mimimi, espere e assista”.
O apelo de Rosangela faz eco ao dos demais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas redes sociais, que enxergam qualquer notícia negativa sobre a nova administração como uma torcida contra o país.
A esposa de Moro não revelava no post, mas provavelmente ela se referia naquele momento a confusão sobre o aumento da alíquota do IOF: o presidente disse que o imposto havia subido, mas foi desautorizado por um subordinado.
É verdade que o novo governo só tem 15 dias, mas depois dessa vieram muitas outras: redução do imposto de renda que não ocorreu, o vai e vem sobre a venda da Embraer, a não confirmada idade mínima da reforma da Previdência, o presidente demitido da Apex que se recusa a deixar o cargo. E isso para ficar só na economia.
Rosangela Moro me fez lembrar Dilma Rousseff – isso mesmo, a ex-presidente petista. Na campanha de 2014, Dilma não perdia a oportunidade de atacar os “pessimistas”, aqueles que “torciam contra o país”, os “arautos da crise”.
A economia já dava todos os sinais de que caminhava para uma severa recessão, mas a então mandatária se recusava a admitir o óbvio e se defendia, acusando os críticos de não serem a favor do Brasil. Deu no que deu.
É claro que o Brasil hoje vive outro momento. Bolsonaro tem os mercados a seu favor, ainda na expectativa de que sua equipe de liberais consiga implementar as reformas que o país tanto precisa.
Mas apontar os problemas não é antipatriótico. Chama-se fiscalização e é o trabalho da imprensa. É bom os bolsonaristas já irem se acostumando. Depois da repercussão do post, a esposa de Moro apagou a publicação – ainda bem. Afinal, Dra Rosangela, chega de mimimi.
Da FSP