Amigo ‘de confiança’ de Onyx, Moro agora diz que caixa 2 ‘é trapaça’
Num encontro com advogados em São Paulo, o ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro , disse nesta quinta-feira ao tratar do projeto anticrime que trata de caixa 2 que os políticos fazem “trapaça” quando utilizam este recurso em campanhas eleitorais. Moro foi direto:
— Que me perdoem os políticos, mas caixa 2 é trapaça. Tudo bem, não é tão grave como a corrupção, que tem contrapartida, mas ainda assim tem que ser criminalizado — disse o ministro, ressaltando que, ao contrário do caixa 2, a corrupção “mina a capacidade de investimento do Estado”.
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, admitiu ter recebido R$ 100 mil para sua campanha de 2014. Delatores do grupo J&F relataram outro repasse ao então deputado no mesmo valor em 2012. Ao comentar o assunto, antes de assumir o cargo, Moro disse que tinha “confiança pessoal” em Onyx.
Moro disse ainda que as medidas anticrime, em alguns casos, excluem o tráfico de drogas porque o sistema penitenciário não suportaria mais prisões. Moro afirmou que vai aguardar que o presidente Jair Bolsonaro, submetido à cirurgia do intestino, receba alta para enviar o projeto aos parlamentares.
— O sistema não comporta um endurecimento geral contra o tráfico de drogas — afirmou Moro, ao apresentar o projeto que será encaminhado ao Congresso Nacional, que trata principalmente de organizações criminosas, corrupção e crimes violentos, que resultam em morte: — Será um enduirecimento seletivo.
Perguntado sobre a afirmação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que a prioridade de votação é a reforma da Previdência, Moro concordou, mas ressaltou que não é inviável que os dois projetos caminhem simultaneamente.
— A reforma da Previdência é prioridade do governo, mas as duas questões podem ser tratadas em paralelo — disse o ministro, acrescentando que o governo pretende tratar de duas questões relevantes ao país.
Ele evitou fazer qualquer previsão de quando as medidas podem ser votadas pelo Congresso, e disse que qualquer manifestação nesse sentido seria “indelicado”.
O ministro não quis comentar a segunda condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 13ª Vara Federal de Curitiba. Afirmou apenas que o assunto é tema do passado. Antes de deixar a toga, Moro condenou Lula a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá.
De O Globo