Congresso inicia suas atividades disposto a pressionar Bolsonaro

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Sobe ao poder junto com os novos presidentes do Congresso nesta sexta (1º) a vontade de dirigentes partidários escanteados na montagem do governo Jair Bolsonaro de exercer todos os instrumentos de pressão disponíveis para convencer o novo inquilino do Planalto de que ele precisa mudar sua articulação política. Na véspera da eleição para o comando da Câmara e do Senado, a avaliação era a de que, independentemente do resultado, o governo não poderá contar com a gratidão dos vencedores.

Franco favorito para a presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) confidenciou a aliados que tem, sim, um compromisso com a bancada do PSL, que aderiu à sua candidatura, mas não com o Executivo. Motivo: o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) trabalhou o quanto pode para atrapalhar o democrata.

 Aliados de Simone Tebet (MDB-MS), a senadora que tentou derrubar a indicação de Calheiros, pediram que Onyx convencesse Alcolumbre a se retirar da disputa. O ministro não se moveu. A pressão, então, se voltou para o DEM, num esforço para construir uma alternativa a Renan que fosse competitiva.

Aliados do senador alagoano viram no telefonema que ele recebeu de Bolsonaro após vencer a queda de braço no MDB pela candidatura à presidência do Senado um gesto para baixar armas de olho na votação da nova Previdência.

Governadores e prefeitos avaliam que apoio deles à reforma da Previdência deve ajudar o governo a suprir a falta de articulação com o Congresso, e, em consequência, a aprovar o principal projeto da equipe econômica, mas a boa vontade para por aí.

 Propostas aventadas pela equipe de Paulo Guedes (Economia) já enfrentam resistências. A ideia de privatizar bancos públicos do Norte e do Nordeste, por exemplo, será combatida. O governador do Pará, Helder Barbalho, por exemplo, prepara nota pública contra.

A disputa pelos espaços na Casa tem como pano de fundo as próximas eleições presidenciais e a expectativa de Ciro Gomes (PDT) de se colocar como a voz da oposição.

Aliados de Renan Calheiros atribuíram à ala do Ministério Público Federal que combate o emedebista nas redes o vazamento de conversas entre o alagoano e Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS. Os áudios, inéditos, foram revelados pela Folha.

Pessoas próximas a Renan minimizaram o conteúdo dos diálogos e disseram que estavam preparados para algo mais grave, como mandados de busca e apreensão ou até nova denúncia formal.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), vai estrear na Câmara apresentando três projetos de apelo social. Um estabelece o valor máximo de R$ 49 para o gás de cozinha. O outro prega a obrigatoriedade do reajuste real do salário mínimo. O terceiro isenta de IR quem ganha até cinco salários mínimos.

 A isenção do imposto de renda foi aventada pelo agora ministro da Economia, Paulo Guedes, e defendida por Jair Bolsanaro ainda durante a campanha eleitoral.

“Se eles dizem que a oposição não contribui para o desenvolvimento do país, está aí uma proposta que pode ter o apoio tanto do governo como da oposição”, diz Gleisi.

Da FSP