Marcelo Freixo: governo Bolsonaro se divide em mercado, militares e ‘A Praça é Nossa’

Todos os posts, Últimas notícias
O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) afirmou, nesta quarta-feira (20/2), que o governo de Jair Bolsonaro não tem um projeto consolidado porque o presidente não esperava vencer as eleições. “Quando dizem assim: Você não esperava que o Bolsonaro ganhasse (as eleições), mas nem ele esperava ganhar. Falta projeto político”, afirmou Freixo em entrevista ao programa CB.Poder, parceria da TV Brasília com o Correio.
Na avaliação do parlamentar, o governo não trabalha de forma uniforme, estando dividido em três frentes. A primeira seria o núcleo de “fanáticos”, cujos maiores exemplos seriam a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e o chanceler Ernesto Araújo. Freixo se referiu a esse grupo como “grupo A Praça é Nossa”.
Completando o governo estariam os núcleos “do mercado (com os ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro) e militar”. Para Freixo, a falta de projeto tem feito esses três grupos brigarem por mais poder, uma luta que, neste momento, estaria sendo vencida pelos militares. Ao ser perguntado o que poderia resultar de mais poderes aos militares Freixo respondeu: “Não faço ideia. Mas a história do nosso país não traz uma perspectiva positiva”.
O deputado também criticou a proposta de Previdência entregue por Bolsonaro nesta quarta-feira.
Segundo Freixo, o debate deve ser mais amplo, incluindo o debate de itens como a reforma tributária e a dívida pública, de forma a criar um sistema que se torne menos concentrador de renda no país. Segundo ele, a reforma não combate privilégios. “O texto mexe com a aposentadoria dos trabalhadores rurais e dos idosos pobres. Isso não é combater privilégios”.
O entrevistado criticou ainda a estratégia do ministro da Economia, Paulo Guedes, de não incluir o sistema de capitalização na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) entregue nesta quarta-feira. Para ele, trata-se de uma estratégia do governo (o “pulo do gato”) de tentar aprovar o sistema mais tarde, por meio de proposta de lei ordinária, o que exige menos votos. “Esse sistema foi adotado no Chile durante o governo Pinochet. E hoje, mais de 90% das pessoa que se aposentam por ele ganham menos de um salário mínimo.
É uma tragédia”, criticou. “E quanto os bancos não vão ganhar com o sistema de capitalização?”, indagou.
Sobre o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, ele disse concordar com a criação de medidas anticrime, mas que o debate precisa ser feito em conjunto com a sociedade civil. Freixo criticou o projeto e o classificou como “muito distante dos problemas centrais da segurança pública”. O deputado fez críticas às políticas carcerárias brasileiras e ao sistema penitenciário.
Outro ponto abordado por Freixo foi a estratégia da oposição para fazer um contraponto às propostas do governo. Segundo ele, os partidos de esquerda devem “buscar o consenso e o trabalho conjunto”. Nossa relação teve avanços. Montamos (na Câmara) um bloco com PSol, PT, PSB e Rede, e estamos tentando trazer o PCdoB”, avaliou. Sobre a atuação discreta da oposição nesse início de legislatura, Freixo alfinetou: “Ficamos até constrangidos (de agir) diante de tantas trapalhadas do governo”.