Bolsonaro assume que ‘errou’ ao indicar Vélez para o MEC

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O presidente Jair Bolsonaro reconheceu que errou ao indicar Ricardo Vélez para a chefia do Ministério da Educação . Em entrevista à revista Veja, o chefe do Executivo destacou que o guru Olavo de Carvalho lhe indicou o nome após ler “publicações” do colombiano. Após o alto número de demissões e decisões polêmicas da pasta, Bolsonaro disse ter se reunido com outros ministros e decidido pela demissão de Vélez e pela nomeação do economista Abraham Weintraub.

— Errei no começo quando indiquei o Ricardo Vélez como ministro. Foi uma indicação do Olavo de Carvalho? Foi, não vou negar. Ele teve interesse, é boa pessoa. Depois liguei para ele: “Olavo, você conhece o Vélez de onde?”. “Ah, de publicações”. “Pô, Olavo, você namorou pela internet?”, disse a ele. Depois, tive de dar uma radicalizada. Em conversas aqui com meus ministros, chegamos à conclusão de que era preciso trocar, não se pode ter pena, e trocamos.

Questionado se a questão na pasta de Educação estava resolvida, Bolsonaro ressaltou que recebeu “vários currículos” de pessoas bacanas, mas classificou o ministério como “um campo minado” com pessoas concursadas e militantes.

— Quando vazou aquela história de que o MEC estava orientando a cantar o Hino Nacional, a filmar os estudantes e tudo debaixo do slogan ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’, eu cheguei: “Pô, Vélez, tem uma lei do (ex-presidente) Lula que diz para cantar o Hino Nacional, conforme eu conversei contigo. Por que colocar o slogan? Quem escreveu isso lá?” “É, foi o meu gabinete”. “Demita o cara, pelo amor de Deus”. Foi para sabotar o ministro.

O presidente disse ser alvo de uma série de “sabotagens” no governo, com ministérios aparelhados e políticos inexperientes que esperavam dele resolver problemas “no peito e na raça”. Bolsonaro criticou a influência da esquerda sobre o Ministério da Educação e até o da Defesa.

— É uma luta de poder. Há sabotagens às vezes de onde você nem imagina. No Ministério da Defesa, por exemplo, colocamos militares nos postos de comando. Antes, o ministério estava aparelhado por civis. Havia lá uma mulher em cargo de comando que era esposa do 02 do MST. Tinha ex-deputada do PT, gente de esquerda… Pode isso? Mas o aparelhamento mais forte mesmo é no Ministério da Educação — ressaltou.

Na visão do presidente, falta “patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil”. Contou que sente uma pressão “muito grande” no cargo, sob as acusações de não ter governabilidade. “Mas o que é governabilidade?”, questionou.

Na entrevista, Bolsonaro explicou que a situação da economia no país “não está nada bacana” também em razão da formação do brasileiro.

— Uma parte dos nossos milhões de desempregados não se encaixa mais no mercado de trabalho, por falta de qualificação. Há os universitários que só têm diploma. Alguns acham que gastar mais dinheiro é sinal de que está melhorando a educação. Tem país que gasta per capita menos que nós e tem uma educação muito melhor — disse.

O presidente negou que o guru Olavo de Carvalho tenha influência no governo, embora tenha sido “pessoa importante” na campanha. Disse que raramente conversa com o ideólogo, a quem defendeu pelas recentes discussões com políticos.

— Quantas vezes eu fui chamado de ladrão, safado, sem-vergonha, homofóbico, racista. Eu fico quieto? Agora, se ele responde às agressões de lá… O Olavo não faz por maldade. Ele, pela idade talvez, quer as coisas resolvidas mais rápido — disse.

De O Globo