Privatização do espaço público: Exército cederá terreno para grupo privado explorar novo autódromo no Rio

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (8) que o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 voltará a ser realizado no Rio, em um novo autódromo, que será construído em Deodoro, na Zona Norte.

Um termo de cooperação foi assinado por Bolsonaro, o governador Wilson Witzel e o prefeito Marcelo Crivella e prevê também a realização de grande prêmio de motovelocidade. A assinatura ocorreu após a cerimônia de homenagem aos Pracinhas da II Guerra Mundial.

A última Fórmula 1 realizada no Rio foi em 1989. Ao todo foram dez GPs na cidade, todas no antigo autódromo, em Jacarepaguá – onde hoje fica o Parque Olímpico. Desde 1990, a etapa é realizada em Interlagos, São Paulo.

O governo paulista tem contrato com a Liberty Media, grupo americano que controla a F1, até 2020. A tendência é a de que, se houver o acordo, de fato, o Rio volte a sediar as corridas a partir de 2021 – e não em 2020, como anunciou o presidente.

Segundo Bolsonaro, dívidas atrapalham a negociação com São Paulo. “Após o resultado das eleições do ano passado, a direção da Fórmula 1 resolveu manter a possibilidade de termos provas no Brasil”, explicou o presidente. “Em São Paulo, como tinha participação pública [em Interlagos], uma dívida enorme, tornou-se inviável a permanência da F1 lá”, disse.

Após a declaração de Bolsonaro, o governo e a prefeitura de São Paulo disseram que desconhecem “qualquer obstáculo” que possa inviabilizar a renovação do contrato, e que há um projeto em tramitação na Câmara Municipal para a concessão do autódromo à iniciativa privada.

No Rio, as provas seriam realizadas no futuro Autódromo de Deodoro, que ficaria pronto “em seis ou sete meses” e “sem dinheiro público”, segundo Bolsonaro. Segundo o Globoesporte.com, o novo autódromo terá o nome do tricampeão de Formula 1 Ayrton Senna.

O orçamento inicial do novo autódromo do Rio é de R$ 850 milhões. A previsão é de que os setores de arquibancada – inclusive naturais – sejam capazes de receber até 130 mil pessoas.

Em sua conta no Twitter após a cerimônia, Bolsonaro afirmou que as obras seriam arcadas integralmente pela iniciativa privada. O presidente também confirmou que o autódromo será batizado em homenagem a Senna.

O GloboEsporte.com apurou que no documento constará que o terreno, hoje do Exército, será cedido com a finalidade de abrigar um autódromo.

Desde novembro do ano passado, os executivos do Liberty Media, responsáveis pela promoção da Fórmula 1, conversam com as autoridades do Rio de Janeiro para transferir o Grande Prêmio do Brasil de São Paulo.

Em junho do ano passado, foi apresentado o projeto para o novo autódromo, e, desde então, os trâmites legais vêm sendo tomados. No entanto, algumas questões travaram a publicação da licitação, sobretudo na questão ambiental.

“Não há nenhuma restrição para a construção do autódromo”, disse Witzel. “Para o meio ambiente será muito melhor, porque vai ter mais gente cuidando do entorno”, continuou.

Bolsonaro emendou dizendo que o Exército “fez um bom trabalho” ao evitar que o terreno fosse “invadido e depredado”.

Evento-teste da canoagem slalom no estádio olímpico da modalidade, em Deodoro — Foto: Divulgação

A promessa de um novo autódromo em Deodoro, em terreno cedido pelo Exército, veio com a demolição, em 2012, do Autódromo de Jacarepaguá, para dar lugar ao Parque Olímpico do Jogos de 2016.

Com assinatura do arquiteto alemão Hermann Tilke, responsável por diversos circuitos do atual calendário da F1, o traçado terá 5,3 quilômetros de extensão e atenderá aos mais rigorosos padrões de segurança das federações internacionais de automobilismo e motociclismo.

Atualmente, por exemplo, só os autódromos de Austin (Estados Unidos), Barcelona (Espanha), Spielberg (Áustria) e Silverstone (Inglaterra) compõem os calendários tanto da F1 como da MotoGP.

Deodoro também foi um dos polos da Olimpíada, recebendo provas de hipismo e canoagem, por exemplo.

Antes dos Jogos, a segurança do complexo foi revista, depois que duas balas perdidas pararam no terreno – uma perto dos estábulos, outra na sala de imprensa.

Do G1