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Bolsonaro mentiu sobre doações de campanha

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Na tarde do dia 15 de outubro de 2018, durante o segundo turno das eleições, o então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro subiu as ladeiras da comunidade Tavares Bastos, no Rio, para chegar à sede do Batalhão de Operações Especiais ( Bope ) da PM.

Bolsonaro comemorava sua chegada ao segundo turno e repetia um dos mantras de sua campanha: “Temos a segunda maior bancada em Brasília, sem televisão, sem fundo partidário, sem nada”, disse.

Na prestação de contas à Justiça Eleitoral, o candidato informou que os R$ 2,8 milhões gastos foram integralmente oriundos de doações.

Bolsonaro de fato não usou o fundo eleitoral, mas documentos obtidos pelo GLOBO junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que o presidente valeu-se, indiretamente, de pelo menos R$ 1 milhão do fundo partidário concedido ao PSL no ano passado. O fundo é composto de recursos públicos.

Na prestação de contas anual do partido, foram apresentadas notas cujos relatórios mostram a conclusão de serviços para a campanha de Bolsonaro.

Em junho de 2018, o então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, contratou por R$ 500 mil a J&J Marketing, com sede no Leblon. A missão da empresa era atuar como consultora na coordenação de campanha do então pré-candidato Bolsonaro.

Um trecho do contrato mostra que a empresa também ficou incumbida de produzir pelo menos 20 vídeos com títulos focados em áreas extremamente sensíveis à imagem do então candidato: “Bolsonaro contra o idealismo socialista (ideologia de gênero embutida)”, “Bolsonaro Racista, Fascista, Misógino e homofóbico” e “Bolsonaro e a religião”.

Outra empresa contratada pelo PSL com dinheiro do fundo partidário foi a AM4 Brasil. Foram R$ 480 mil em seis parcelas de R$ 80 mil para executar a estratégia de atuação do partido nas redes sociais.

Um relatório enviado pela empresa ao partido informa que, além de produzir conteúdo e monitorar as redes sociais do PSL, a AM4 também desenvolveu o site da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.

As notas mostram ainda que o PSL contratou, por R$ 53,4 mil, com dinheiro do fundo partidário, uma consultoria para orientar os correligionários sobre estratégias para estimular nas redes sociais as doações de campanha.

Procuradas, a JJ Marketing, a Ideia Digital e o PSL não responderam. A Secom disse que Bolsonaro não teve conhecimento sobre o uso de recursos públicos na contratação de empresas que trabalharam em sua campanha. Apesar das notas apresentadas, a AM4 negou que recebeu recursos do fundo partidário para atuar na campanha de Bolsonaro.

De OGlobo