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Liberação do FGTS não vai impactar mercado

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A liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governo deve trazer pouco impacto para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Os analistas consultados pelo G1 acreditam que, mesmo com os recursos extras na economia, o crescimento deve seguir próximo de 1%.

Ao todo, o Ministério da Economia estima que a economia deve ganhar R$ 42 bilhões com a liberação de recursos do FGTS e do PIS-Pasep, sendo R$ 30 bilhões este ano e R$ 12 bilhões em 2020. Nos cálculos do governo, essa liberação de recursos pode trazer um aumento no crescimento do país de 0,35 ponto percentual em 12 meses.

“Eu acho que o impacto será diminuto”, afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Considerando o tamanho do PIB de consumo das famílias e que uma parte vai para pagar dívidas, o impacto segue sendo ainda em torno de 0,1 ponto percentual (em 2019).”

Em 2019, o desempenho da economia brasileira tem decepcionado. Por ora, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, estimam que a atividade econômica deve crescer apenas 0,8%. Embora tenha se mantido estável na última semana, as projeções de crescimento sofreram sucessivas quedas neste ano. Em janeiro, por exemplo, a expectativa era de que o PIB pudesse crescer próximo a 3%.

De acordo com o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o potencial dos recursos liberados seria de 0,4 ponto percentual no PIB. Mas ele estima que, desse valor, o impacto efetivo será menor, de 0,1 ponto.

“Não é todo mundo que vai sacar e usar isso em consumo propriamente”, diz o analista, acrescentando que “é uma medida que, do ponto de vista da atividade de curto prazo, talvez tenha um efeito mais modesto do que o esperado”. Ele cita como exemplo a liberação dos saques do FGTS no governo Temer, que “não foi favorável no sentido de dar um efeito mais forte na economia. Tem um efeito que é pontual.”

Só metade deve ir para atividade

Nas projeções do banco Itaú, metade do valor liberado – ou seja R$ 15 bilhões neste ano e R$ 6 bilhões em 2020 – devem, de fato, contribuir para atividade econômica. “Mas um impacto no consumo só deve ocorrer no quarto trimestre deste ano”, afirma o economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa.

Dessa forma, o banco mantém a projeção de crescimento de 0,8% para este ano, mas, se esse cenário mais forte do quatro trimestre se confirmar, a economia vai encerrar 2019 com uma cara melhor, contribuindo para um crescimento um pouco mais forte no ano que vem. Para 2020, o banco deve elevar a previsão de crescimento do PIB de 1,7% para 1,9%. “Apesar da liberação ser mais este ano, um impacto maior deve ficar concentrado no ano que vem”, diz Barbosa.

Existe a expectativa de que a liberação dos saques ajude as pessoas de menor renda a sair da inadimplência. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 37% dos consumidores que estão com contas atrasadas devem menos que R$ 500, o valor liberado pelo governo para cada trabalhador este ano. O presidente da entidade, José César da Costa, diz que “os saques devem atender às necessidades de quem mais sofre neste momento, os cidadãos das classes C, D e E, que estão há muito tempo sem liquidez”.