Mortes maternas evitáveis avançam em São Paulo

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Menos de 24 horas após dar à luz Estella, a estudante Ana Paula Saqui de Paula, 18, de Boituva (SP), morreu em consequência de hemorragia.

As circunstâncias da morte, ocorrida em abril último, ainda estão sendo investigadas, mas o caso exemplifica os desafios do governo paulista no enfrentamento da mortalidade materna.

Em 2017, o estado registrou sua maior taxa, 60,6 mortes por 100 mil nascidos vivos, conforme revelou esta Folha. A hemorragia é a principal causa, seguida da hipertensão gestacional. Ambos são fatores que, com diagnóstico e tratamento adequados, podem ser controlados.

Se por um lado o estado e o país avançaram em número de consultas de pré-natal, com a maioria das gestantes fazendo ao menos seis, por outro, esse acompanhamento nem sempre tem a qualidade desejada.

No caso da hemorragia, há um intervalo de uma hora entre o diagnóstico do choque hemorrágico e o manejo técnico que deve ser feito. Se isso não ocorrer, a probabilidade de morte aumenta a cada minuto.

Existem protocolos nacionais e internacionais bem definidos para essas situações, mas será que os profissionais de saúde aplicam o que a evidência científica recomenda? Ou há leitos de UTI suficientes?

A própria Secretaria de Estado da Saúde reconhece as dificuldades e diz que, principalmente em maternidades pequenas do interior, há situações de manejo equivocado e resistência de médicos em mudar processos de trabalho. Oi?

Embora o Brasil tenha avançado na redução das taxas de mortes maternas, de 143,2 para 64,5 óbitos a cada 100 mil entre 1990 e 2017, ainda está longe de atingir a meta estabelecida pela ONU, de 35. O Chile, por exemplo, apresenta índice de 15 mortes por 100 mil.

Considerando que a maioria dos partos acontece em instituições de saúde, é imperdoável que o país aceite que 2.000 mulheres morram por ano, de causas evitáveis, deixando bebês órfãos, como Estella.

Da FSP