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Trabalho no mundo: racismo ‘usurpa’ vaga de imigrante

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Pesquisa da Universidade de Harvard e do Instituto de Pesquisa Social da Noruegafizeram, com dados de nove países europeus e norte-americanos,  aponta que o racismo evita que imigrantes ocupem vagas de emprego.

Profissionais não-brancos e imigrantes recebem menos retornos em processos seletivos mesmo quando têm qualificação similar a de trabalhadores brancos e nativos, aponta estudo.

Pesquisadores de seis instituições, entre elas a Universidade de Harvard e o Instituto de Pesquisa Social da Noruegafizeram uma meta-análise de 97 estudos, reunindo um total de 200 mil candidaturas a emprego na Bélgica, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Noruega, Suécia, Canadá e Estados Unidos.

Os estudos analisados usaram experimentos de campo, situações em que pesquisadores enviam currículos fictícios para recrutadores e observam as taxas de retorno.

Profissionais negros, com origem asiática ou do Oriente Médio e de outras minorias raciais foram prejudicados no recrutamento em todos os países pesquisados, mas a intensidade variou de um para o outro.

A França e a Suécia foram os países com maior índice de discriminação – lá, os currículos de profissionais brancos receberam, respectivamente, 83% e 65% mais retornos do que os de trabalhadores de outra raça com as mesmas qualificações.

A Alemanha apresentou o índice mais baixo de discriminação, mas mesmo lá um profissional não-branco teria que enviar 24% mais currículos para ter as mesmas chances de um colega branco e nativo do país.

Essa diferença foi de 55% na Grã-Bretanha, 44% no Canadá, 41% na Bélgica, 35% na Noruega, 33% nos Estados Unidos e 29% na Holanda.

O estudo foi publicado recentemente na revista acadêmica “Sociological Science”.

Os pesquisadores encontraram indícios de que imigrantes brancos também estão em desvantagem em relação a profissionais brancos nascidos no país, mas em menor intensidade na comparação com profissionais de outras etnias.

No geral, a discriminação foi mais frequente em vagas que não exigem ensino superior.  Lincoln Quillian, professor da Universidade Northwestern e um dos coautores do estudo, afirma que algumas práticas e políticas dos países podem influenciar o nível de discriminação que aparece nos processos seletivos.

Na Alemanha, por exemplo, é comum que os recrutadores exijam vários documentos junto ao currículo, como o histórico escolar ou relatórios de estágios.

“Suspeitamos que ter bastante informação sobre o candidato no início do processo reduz a tendência de ver profissionais de grupos minoritários como não-qualificados”, diz.

Há menos espaço para os recrutadores projetarem sua visão – muitas vezes estereotipada – dos trabalhadores.

Já nos Estados Unidos, o pesquisador atribui o resultado a uma maior pressão do governo e da opinião pública para grandes empresas divulgarem números sobre a representatividade de gênero e racial no seu quadro de funcionários.

De Valor Econômico