MPF indicia ex-delegado do Dops envolvido no caso Santa Cruz
O Ministério Público Federal denunciou o ex-delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) Cláudio Antônio Guerra, 79, sob acusação de ocultação e destruição de cadáveres por meio de incineração entre 1973 e 1975, durante a ditadura militar. A denúncia, divulgada hoje, foi feita em 24 de julho.
Nos relatos reunidos no livro “Memórias de uma Guerra Suja”, que levaram à denúncia, Guerra conta que recolheu 12 corpos no DOI-Codi (Destacamento de Operação de Informação e Centro de Operações de Defesa Interna), na Tijuca, no Rio, e em um imóvel conhecido como “Casa da Morte”, em Petrópolis (RJ). De lá, levou os cadáveres para Campos de Goytacazes (RJ), onde foram incinerados na Usina Cambahyba.
Depois da confissão, testemunhas e documentos confirmaram a autenticidade dos relatos de Cláudio Guerra.
Um dos 12 citados nominalmente é Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz. O nome dele foi alvo de polêmica nesta semana, quando o presidente Jair Bolsonaro disse que poderia explicar ao presidente da entidade como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar.
Desta forma, para o MPF, Guerra abusou do poder inerente ao cargo público que ocupava e agiu por motivo torpe, usando do aparato estatal para preservação do poder contra opositores ideológicos.
“Assim, com o objetivo de assegurar a impunidade de crimes de tortura e homicídio praticados por terceiros, com abuso de poder e violação do dever inerente do cargo de delegado de polícia que exercia no estado do Espírito Santo, foi o autor intelectual e participante direto na ocultação e destruição de cadáveres de pelo menos 12 pessoas, nos anos de 1974 e 1975”, argumenta o procurador da República Guilherme Garcia Virgílio, autor da denúncia.
De FSP