Ney Matogrosso critica autoritarismo de Bolsonaro

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Imagem: Reprodução/ Instagram/ Mario Miranda

Ney Matogrosso sempre foi uma personalidade de voz ativa na sociedade ao expor suas opiniões. Ao UOL, ele fez um paralelo de quando surgiu no Secos & Molhados, em 1973, no meio da ditadura militar no Brasil, e o atual momento político no país. O cantor também falou sobre os novos artistas da música popular brasileira e elogiou a explosão da cena drag queen e transexual.

“Está diferente hoje. A diferença não é a classe artística. A diferença é que a mentalidade regrediu. Hoje em dia, existe muito mais preconceito do que existia naquela época. Naquele momento, as pessoas tinham um anseio de liberdade que, atualmente, está muito confuso. Ali tinha um motivo específico, uma ditadura”, declara.

Ao ser questionado se ele considera o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) autoritário, ele confirma, mas faz suas ponderações. “É, mas foi eleito democraticamente. Portanto, não podemos questioná-lo como questionávamos o outro. Realmente é um retrocesso mesmo”.

Ney diz não ter medo do autoritarismo: “Não, em nenhum momento. Acho que a gente não pode se submeter a isso. Quando você admite que tem medo já está enfraquecido diante do quadro. O meu lugar de fala é o mesmo. Continuo lutando pela liberdade, me expressando e fazendo o meu trabalho despreocupado, sem nenhuma autocensura. Estou trabalhando que nem um louco, viajando com meu show novo”, afirma.

Sobre a onda de ódio dos haters nas redes sociais contra ele e outros artistas, que dizem o que pensam o cantor lamenta. “Essa questão da internet. Esse direito que todo mundo tem. É uma polarização que não é só no Brasil. No mundo inteiro está acontecendo. É uma coisa muito estranha, que a gente nunca tinha visto isso”.

Futuro da MPB

“Acho que tudo faz parte. O que acho errado é só privilegiar um aspecto da música, quando a música brasileira é riquíssima. Meu único questionamento é esse mesmo. Mas a música popular brasileira é tudo isso. Adoro funk, respeito Anitta. Adoro a Iza e o trabalho dela. Não gosto de ficar dando nota para as pessoas, mas é isso, o espectro da música brasileira é muito amplo. Quando eu falo do foco estar em uma coisa só é isso, de estar no funk e na música sertaneja. Mas a música brasileira não é só isso. Mas não é uma questão de quem está fazendo música e sim dos atravessadores da música”.

Trans e drags

“Tem muita gente interessante aí. Observo esse movimento de artistas trans, das drags, que acho muito interessante. Fico prestando muita atenção. Não fiz escola. Não é a questão de se montar. Eu provei que era possível ser diferente em um ambiente hostil. Se eu fui capaz disso, me orgulho. Se alguém está se mirando no meu exemplo e se colocando no mundo com liberdade, eu fico feliz de poder ter aberto isso. Mas não abri pensando em nada. Abri por uma necessidade minha.”

Do UOL