Salles afirma que vender a Amazônia é forma de salvá-la

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Foto: BLOOMBERG

A solução para a extração ilegal de madeira na Amazônia é “monetizá-la”, abrindo áreas para o desenvolvimento comercial, afirmou o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, em meio a uma crescente mobilização global sobre incêndios florestais e desmatamento na floresta amazônica. Na noite de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com oito ministros para discutir medidas a serem anunciadas nesta sexta-feira contra as queimadas na Amazônia.

Segundo o ministro, as pessoas recorrem a atividades ilegais, criminosas, porque não têm espaço para fazer algo dentro da lei, o que tem sido muito restritiva para o desenvolvimento de áreas da Amazônia.

– O fato é que leis e regulamentos que foram promulgados e usados nos últimos 10 ou 20 anos foram muito restritivos para o desenvolvimento das áreas da Amazônia. É por isso que as pessoas vão para as atividades ilegais, para as atividades criminosas, porque não têm espaço para fazer algo dentro da lei – disse Ricardo Salles em entrevista ao jornal britânico Financial Times.

Referindo-se aos 20 milhões de habitantes da Amazônia, Salles afirmou que é preciso reconhecer que existem pessoas reais vivendo na região e que é preciso dar uma resposta concreta a eles e não simplesmente dizer que não podem fazer nada na área.

– Isso não é razoável, nem sequer é viável. Queremos mostrar que, se os investimentos chegarem, e se distribuirmos esses investimentos para as pessoas que vivem lá, eles vão manter a floresta tropical, e não se envolver em mineração ilegal ou exploração madeireira – acrescentou o ministro.

Repercussão internacional

Os incêndios na Amazônia tiveram repercussão internacional na quinta-feira, com pedidos da ONU e de líderes mundiais para “proteger” o pulmão do planeta e convocatórias de protestos mundiais.

Afirmando que “nossa casa está queimando”, o presidente francês Emmanuel Macron propôs que a “crise internacional” da Amazônia seja uma prioridade na cúpula do G7 neste fim de semana em Biarritz, no sudoeste da França. Primeiro-ministro do Canadá — país que também integra o G7 —, Justin Trudeau endossou o discurso de Macron.

A chanceler alemã Angela Merkel , por meio de seu porta-voz, também considerou que os incêndios na Amazônia constituem uma “situação urgente” que deve ser discutida durante a cúpula do G7.

A questão já começa a ter efeitos no âmbito comercial, com Irlanda e França ameaçando não assinar o acordo acertado em julho entre a União Europeia e o Mercosul.

De O Globo