Emissário de Bolsonaro tenta acordo com o PT

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O novo procurador-geral da República que Bolsonaro tirou da manga procurou o PT sob a desculpa de pedir apoio em sua sabatina no Senado, mas atuou como um emissário. Augusto Aras procurou o partido para um acordo porque seu chefe teme um impeachment.

Bolsonaro pode ser burro, mas é esperto – para quem não sabe, esperteza e inteligência são coisas diferentes. Por isso, o presidente da República sabe que sua batata está começando a assar e que, do jeito que a coisa vai, ele não se sustenta.

Apesar de Bolsonaro dizer que acreditar nas pesquisas que mostram sua popularidade derretendo equivale a acreditar em Papai Noel, ele sabe que a caminhada para ser odiado de Norte a Sul do país está cada vez mais rápida. E quem diz isso é o site pró-Bolsonaro O Antagonista, que diz que a pesquisa Datafolha foi um “presente” para ele, já que a outras pesquisas – inclusive uma feita pelos apoiadores de Bolsonaro – mostram resultados muito piores.

Bolsonaro sabe que sua impopularidade caminha a passos largos devido às medidas impopulares que está implementando para cumprir compromissos de campanha com grandes empresários, banqueiros e latifundiários de extinguir direitos trabalhistas e programas sociais e devido, também, à depressão econômica que sua má governança está gerando.

Sabendo disso, Bolsonaro tratou de aparelhar a Procuradoria Geral da República, pois só o procurador-geral pode pedir seu impeachment ou propor ações contra ele. Assim, ignorou a vontade do Ministério Público e indicou um comparsa para o cargo, alguém em quem confia plenamente

Desde então, Augusto Aras tem feito uma peregrinação para conseguir apoio do Senado, que precisa aprovar sua indicação. Aras tem levado a mensagem de que quer acabar com o “punitivismo” da Lava Jato. Nesse espírito, procurou o PT para um acordo óbvio, de que o partido apoie a proteção a Bolsonaro no momento em que sua popularidade cair a um nível que sua permanência no cargo estará muito ameaçada, pois presidente muito impopular é só empurrar que cai.

Aras propôs ao PT uma “aliança” para enquadrar a Lava Jato e seus abusos. Em nome de Bolsonaro, Aras DISSE a senadores de diversos partidos que, na opinião dele, a Lava Jato cometeu mesmo abusos e que a PGR não pretende “criminalizar” a política.

O que se espera é que o PT se lembre da fábula do Sapo e do Escorpião:

O aracnídeo propôs ao anfíbio que o levasse nas costas para atravessarem uma lagoa. O sapo disse que temia que o escorpião o ferroasse. O escorpião disse que não o faria porque morreria também.

Durante a travessia, o escorpião picou o sapo, que, surpreso, perguntou:

— Por que fez isso? Agora ambos morreremos.

E o escorpião explicou:

— Ferroar é minha natureza. Não posso evitar.

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