“Já imaginou se fosse o filho de Lula?”, pergunta Pimenta
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), cobrou hoje (10), na tribuna, que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se manifeste publicamente sobre as declarações do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Bolsonaro, de que o governo que eles querem implementar no País não tem como ser feito pela via democrática. “É preciso que o presidente do Poder Legislativo, é preciso que os Poderes da República se manifestem diante dessa sucessiva conduta de provocação e de desprezo pela democracia, que caracteriza a conduta do presidente da República”, afirmou.
Paulo Pimenta reforçou que a Bancada do PT espera que Rodrigo Maia venha a público, ainda hoje, para condenar as manifestações deste “vereador do Rio de Janeiro, porta-voz do Presidente da República, que deixou o País perplexo diante desta onda reacionária, autoritária e fascista, que marca o governo do pai dele e da quadrilha que, junto com ele, hoje governa”.
Na avaliação do líder do PT, o tema tem que ser tratado com a gravidade que ele merece: uma ameaça à Constituição Federal, uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, uma ameaça à democracia. “E não se trata de um fato isolado. Nós estamos falando de um governo de um presidente que durante o tempo que esteve nesta Casa em inúmeras oportunidades fez apologia à tortura, às ditaduras, que não esconde de ninguém a sua admiração aos genocidas Stroessner e Pinochet”. O ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner governou o país de maneira autoritária entre 1954 e 1989. Augusto Pinochet comandou a ditadura no Chile depois do golpe em setembro de 1973 até 1990.
Portanto, alertou Pimenta, as palavras do filho dele (Bolsonaro) não devem ser tratadas como palavras ao vento. “Preocupo-me porque vejo que este indivíduo, o filho de Bolsonaro, que desfilou no 7 de Setembro junto com o presidente, estaria entrando de licença na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Pelo menos lá ele tinha alguma coisa com a qual se entreter. Pelo menos lá ele tinha alguma coisa para fazer. Agora, imaginem esse indivíduo — e ele despacha no gabinete do Presidente quando o Bolsonaro não está, chama ministros, dá ordens —, sem nada com que se preocupar, sem nenhuma atividade parlamentar, solto com as senhas do presidente, fazendo o que ele está fazendo com o nosso País!”, advertiu.
Paulo Pimenta reforçou que não se pode aceitar esse desprezo pela democracia, que é uma marca deste governo, ser tratado com naturalidade! “Vejam, V.Exas., quais são os fatos que eles elencam como problemas do Estado Democrático de Direito: o Queiroz está sendo perseguido. Muda o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, porque o Queiroz estaria sendo perseguido e porque corre o risco de a investigação sobre o assassinato da Marielle [Franco] chegar aos mesmos milicianos que estão envolvidos com o Queiroz e com a família do Presidente”, enumerou.
“É contra isso que se insurge esse clã de grande intimidade com os milicianos que, hoje, habita o Palácio da Alvorada e o Palácio do Planalto”, completou.
O líder do PT ainda fez uma provocação: “Se em pleno governo do presidente Lula um filho de Lula ou um dirigente do Partido dos Trabalhadores viesse a público para dizer que as propostas do nosso governo não poderiam ser implementadas pela via democrática, qual seria a reação de V.Exas.? Qual seria a reação do Poder Judiciário? Qual seria a reação do Ministério Público? Qual seria a reação do editorial dos grandes jornais?”, indagou o líder petista.
De PT na CÂMARA