Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil/FotosPúblicas

Janot diz agora ter desconfiado que Moro fazia política

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LAVA JATO, DELAÇÕES E FESTA

Janot diz que achou fraco o conteúdo das delações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, no início da Lava Jato. “Tivemos uma grande decepção”, diz. “Isso tá uma merda, não tem nada, tá raso esse negócio!”, disse aos procuradores de sua equipe antes de mandar refazer os depoimentos.

Relata diálogo que Vladimir Aras tivera com “Souza”, provavelmente o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. “Segundo ele, Souza disse que a intenção da força-tarefa era ‘horizontalizar para chegar logo lá na frente’, e não ‘verticalizar’ as investigações, e que, por isso, teríamos dificuldade em fundamentar os pedidos de inquérito. […] Não entendi direito esse conceito”, diz Janot.

Menciona a ida de Sergio Moro para o governo Bolsonaro e acrescenta: “Horizontalizar implicaria uma investigação com foco num determinado resultado? Eu não quis imaginar isso lá atrás e também não quero me esticar nesse assunto agora, mas isso ainda me incomoda um bocado, sobretudo quando penso em dois episódios separados no tempo, mas muito parecidos”. Cita os vazamentos do depoimento de Youssef sobre Lula e Dilma em 2014 e da delação de Palocci em 2018.

As declarações de Youssef “eram destituídas de qualquer valor jurídico. Youssef não compartilhava da intimidade do Palácio do Planalto e não tinha provas do que dizia”. Janot desconfia de “atuação com viés político”.

Após examinar delações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, decidiu que os próximos acordos que envolvessem pessoas com foro seriam conduzidos por seu gabinete. E resolveu tomar novos depoimentos dos dois colaboradores.

O ministro do STF Teori Zavascki autorizou 21 inquéritos contra 50 políticos. “Não era a bomba atômica que se imaginava. […] Mas abriu uma avenida para a Lava Jato avançar.”

Janot também justifica o arquivamento dos casos de Dilma e Aécio: “Se o delator diz apenas que ‘ouviu dizer’, que não foi testemunha do suposto crime e não tem como indicar provas, o caso deve ser arquivado”.

Avisou os parlamentares que seriam investigados, mandando o assessor entregar a petição num envelope, pessoalmente. No caso de Cunha, “como ele estava em guerra comigo, achei por bem repassar o aviso pelo vice-presidente Michel Temer, com quem o deputado mantinha estreitas relações”. Também avisou o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

De FSP