Nos EUA, ativistas pedem liberdade para Lula
Mal chegou em Nova York (EUA) para fazer um discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorre nesta terça-feira (24), Jair Bolsonaro já se deparou com manifestações contrárias ao seu governo. Ativistas pediram o fim do fascismo, salvação para a Amazônia e liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado sem provas no processo do triplex em Guarujá (SP) pelo ex-juiz Sérgio Moro, permitindo a eleição do atual ocupante do Planalto, que tem o ex-magistrado como atual ministro da Justiça, num claro ativismo judicial.
Bolsonaro vê a sua política externa cada vez mais degradante. Nem mesmo o presidente americano, Donald Trump, teve um encontro com ele. Após o desembarque, ficou por duas horas com destino desconhecido em Nova York. O que lhe restou foi um jantar em uma pizzaria com Michelle Bolsonaro, sua esposa.
O isolamento de Bolsonaro ocorre muito função de sua inabilidade política, declarações ofensivas contra a primeira-dama Brigitte Macron, ao comparar a beleza dela com a de Michele Bolsonaro, contra a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet ao elogiar tortura e morte do pai dela pelo ex-ditador Augusto Pinochet e à devastação acelerada da Amazônia.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos oito meses até agosto, o desmatamento da principal floresta brasileira aumentou 92%, para 6.404,8 quilômetros quadrados (2.472,91 milhas quadradas). O desmatamento tem causado forte repercussão negativa no exterior, o que, nesta época de estagnação econômica, pode prejudicar ainda mais o Brasil com eventuais boicotes a produtos nacionais.
O pedido de liberdade do ex-presidente Lula é outra bandeira que Bolsonaro não tem como fugir. Lula foi acusado de ter recebido um apartamento triplex como propina da OAS, mas nunca dormiu nem tinha chave do imóvel. O procurador Henrique Pozzeobon admitiu em 2016 que não havia “provas cabais” de que Lula era o proprietário do imóvel. Outro detalhe é que, segundo reportagem do do Intercept Brasil, que tem como um dos editores o jornalista americano Glenn Greenwald, o procurador Deltan Dallagnol duvidava da existência de provas contra Lula.
“No dia 9 de setembro de 2016, precisamente às 21h36 daquela sexta-feira, Deltan Dallagnol enviou uma mensagem a um grupo batizado de Incendiários ROJ, formado pelos procuradores que trabalhavam no caso. Ele digitou: ‘Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram to com receio da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua'”, dizia o site.
O fato é que se, nem o presidente da principal economia mundial (Donald Trump) e com pautas extremistas não demonstra um apoio explícito a Bolsonaro, o ocupante do Planalto pode se deparar nesta terça-feira (24) com ápice do seu isolamento no exterior. Se ainda não deu sinais de como reverter o quadro caótico de suas articulações no Brasil com políticos e com a sociedade, no exterior esta missão é ainda mais difícil.