Olavistas passam a apoiar anistia a Maduro
Os dois núcleos do governo brasileiro com maior influência sobre o presidente Jair Bolsonaro concordam sobre a necessidade de oferecer anistia a Nicolás Maduro para encerrar a crise na Venezuela.
A oferta de um perdão à cúpula do governo venezuelano em troca da convocação de eleições gerais e libertação dos presos políticos já era defendida pela ala militar e, recentemente, passou a contar com a simpatia de integrantes do setor olavista.
O comando militar, considerado mais pragmático, sinalizava desde maio o apoio a uma anistia como única saída possível para o impasse no país sul-americano em crise.
Inicialmente resistente a um eventual acordo, o grupo olavista, formado por integrantes do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores, agora considera a alternativa necessária.
Na prática, o perdão significaria que os líderes do regime não seriam presos nem processados por ações cometidas durante o período no poder.
A proposta dos militares vai além: eles defendem a participação de “parceiros ideológicos” da Venezuela nas tratativas. Em conversa recente com diplomatas americanos, relatada à Folha, uma autoridade brasileira ressaltou que é necessário dar uma saída política a Maduro e que uma negociação teria mais êxito caso Cuba, parceiro comercial e político do regime bolivariano, estivesse envolvida.
Segundo o núcleo militar, o chavista dificilmente aceitaria um acordo de anistia tendo os Estados Unidos como principais interlocutores.
No último fim de semana, o vice-presidente Hamilton Mourão disse à Folha que a concessão de uma anistia é uma possibilidade e concordou que a negociação poderia passar por Cuba, possível refúgio de Maduro caso ele aceitasse renunciar.
“É uma das hipóteses aventadas. Tem de haver uma saída para o Maduro e para o pessoal dele”, disse.
Chamado de “pacote de demissão”, o perdão se estenderia a Diosdado Cabello, número dois do regime chavista, Vladimir Padrino, ministro da Defesa, e Tarek William Saab, chefe do Ministério Público venezuelano.
Atualmente, todos são alvos de sanções de Estados Unidos, Canadá, União Europeia e outros, além de terem seus bens bloqueados e estarem proibidos de entrar na Colômbia.
Da FSP