Isac Nóbrega/PR

Contrariando discurso eleitoral, Bolsonaro defende “China única”

Todos os posts, Últimas notícias
Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR

“Quando passei por Taiwan eu era apenas um parlamentar de passagem, não foi visita oficial. Mas não houve atrito”, justificou. E esclareceu: “Eu falei ‘China única e Brasil único’”.

O princípio da “China única” é uma politica do governo comunista para barrar separatismos no país. Quando o partido comunista, sob a liderança de Mao Tse Tung, tomou o poder em 1949, um grupo liderado pelo nacionalista Chiang Kai-shek, chamado Kuomintang, fugiu da China continental e declarou a ilha de Taiwan um país autônomo. Os comunistas não reconheceram a independência. Situação semelhante ocorre em Hong Kong.

Ao longo dos últimos anos, o governo chinês vem reforçando os apelos para que a comunidade internacional tampouco reconheça esses países, reforçando a narrativa de que existe apenas uma China, ou seja, a “China única”. Como principal parceiro econômico do Brasil, a declaração de Bolsonaro vai ao encontro das expectativas dos interessados em ampliar o comércio bilateral.

Ao longo de sua campanha presidencial, Bolsonaro pregou ampliar laços com Taiwan, que não é um país comunista, como a China. No início desta legislatura, parlamentares do PSL que visitaram a China continental foram alvo de duras críticas da chamada “ala ideológica” do partido, liderada pelo professor online de filosofia Olavo de Carvalho.

Bolsonaro explicou que declarou apoio porque, quando a França criticou a atuação do Brasil quanto aos incêndios na Amazônia, o embaixador chinês no Brasil “foi claro que a soberania do país [Brasil] deveria ser respeitada”.

O presidente brasileiro cumpriu uma agenda de encontros oficiais com Xi Jinping e autoridades chinesas. Depois disso, o líder chinês ofereceu um jantar a Bolsonaro. Mas o prato principal e a sobremesa tinham peixe — alimento que não é do gosto do presidente.

Ao chegar no hotel, depois do jantar, Bolsonaro disse que foi “muito educado” e não “fez cara feia”. “Mas o miojo me aguarda”, confessou. Quando Xi Jinping estiver no Brasil, na cúpula dos Brics, em novembro, Bolsonaro prometeu um churrasco brasileiro para recebê-lo.

“Vou fazer um grande churrasco. Ele falou que gosta e falou muito da carne brasileira. Espero que ecoe em todos os continentes do mundo. Falou ao lado da Tereza Cristina [ministra da Agricultura], isso não tem preço”.

METRÓPOLE