Oposição exige que Bolsonaro não interfira no caso Marielle
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Os líderes dos partidos de oposição reuniram-se nesta manhã na Câmara e decidiram cobrar que não haja interferência da Polícia Federal nas investigações sobre o caso Marielle Franco.
Em vídeo, o presidente Jair Bolsonaro declarou que pedirá ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, que seja ouvido o porteiro do condomínio onde mantém residência no Rio de Janeiro.
No inquérito da Polícia Civil do estado, o porteiro afirmou que Élcio Queiroz, acusado de envolvimento na morte de Marielle, reuniu-se no condomínio com o acusado do assassinato, Ronnie Lessa.
Segundo o porteiro, a autorização para entrar no condomínio teria sido dada por um homem da casa do “Seu Jair”.
Os líderes dos partidos de oposição darão entrevista coletiva nesta tarde afirmando que, nesta fase do inquérito, o presidente ainda não está sendo investigado e, portanto, seria ilegal a Polícia Federal tomar depoimento do porteiro.
“Primeiro tem-se que buscar todo o trajeto do carro, que entrou no condomínio antes do assassinato da vereadora, é preciso recolher as filmagens e áudios do condomínio e da portaria, por exemplo”, disse ao blog o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon.
Molon diz que não é o momento nem mesmo de se falar na possibilidade de impeachment do presidente da República por conta desse caso.
“Não se iniciou qualquer investigação sobre o presidente. Tudo seria apressado. Daí porque não seria correta uma interferência da Polícia Federal. O momento é de agir com calma, transparência e dentro da lei”, disse.
De fato, na reunião desta manhã, segundo o blog apurou, os líderes de oposição decidiram assumir neste momento um discurso sóbrio, para evitar acusações de uso políticos da investigação do caso Marielle.
O presidente da República, por sua vez, já levanta acusações de uso político. Ele disse que o vazamento do inquérito, que corre sob segredo de justiça, coube ao governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC), que pretende concorrer à Presidência da República em 2022.
“O país passa por um momento difícil na área econômica e o presidente deveria estar jogando ágia e não gasolina na fogueira”, disse Molon ao blog, acrescentando:
“Nessa hora, os investidores ficam preocupados com o fato de o próprio presidente ser que produz instabilidade no ambiente político e econômico.”