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Pesquisadores dizem que óleo vazado não é da Venezuela

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Vista da praia Ponta do Mangue, na cidade de Maragogi, no estado de Alagoas, uma das 166 praias das 72 cidades do nordeste brasileiro impactadas pelas manchas de petróleo crido estrangeiro. (Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Agência Pixel Press/Folhapress) (Carlos Ezequiel Vannoni/Agência Pixel Press/Folhapress)

A suspeita infundada levantada por membros do governo de que o derramamento de óleo na costa brasileira teria partido de embarcações do Greenpeace não passa de uma mentira. Pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (INEEP) apontam novos argumentos para a identificação do óleo vazado na costa brasileira e a dificuldade de saber se ainda há mais produto manchando o mar.

Uma da suspeitas é que o vazamento tenha partido de navios-tanque, que trafegam em alto mar sem rastreamento.

É cada vez mais recorrente a prática de se desligar os transmissores para que os navios não possam ser rastreados por satélite com o intuito de burlar as barreiras e tarifas. É o chamado off transponder, que configura uma verdadeira frota crescente de “petroleiros piratas”.

Os indícios aumentam a probabilidade de que o problema esteja relacionado não à produção, mas sim à circulação de petróleo. Por esta razão, a Marinha acredita que o vazamento pode estar ligado a um outro acidente, já que nas costas de Sergipe e Alagoas foram encontrados recentemente tambores, bombas, frascos e alguns barris com a inscrição “Argina S3 30”, que identifica um óleo lubrificante da Shell. Mas o óleo da Shell pode ter sido vazado por outras empresas que compraram os barris. Se o vazamento tiver acontecido durante uma transferência clandestina de óleo entre navios não é possível saber se a quantidade encontrada é a total ou se ainda há mais óleo por aparecer.

Os pesquisadores lembram que a capacidade de um tanque de navio-petroleiro é de cerca de 3.000 toneladas de óleo. Além disso, em contato com a água, o material pode entrar em processo de emulsificação e aumentar o seu volume em até quatro vezes, chegando a 12 mil toneladas, sem considerar a absorção de areia que pode torná-lo ainda mais pesado.

De acordo com os pesquisadores do INEEP, apesar dos primeiros apontamentos indicarem, em uma hipótese preliminar, que o óleo poderia ser de procedência venezuelana, é muito improvável que as machas de óleo tenham descido diretamente da Venezuela em direção ao Brasil. A região é impactada pela Corrente Marítima da Guiana que orienta a maré no sentido contrário ao das manchas.

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