Ataque aos direitos indígenas marca primeiro ano de Bolsonaro
Foto: José Eduardo Bernardes
O movimento indígena foi um dos mais afetados pelas políticas do governo federal neste ano. Desde o primeiro dia de 2019, quando o Executivo retirou da Fundação Nacional do Índio (Funai) as atribuições para demarcação de terras, os povos tradicionais tiveram que se articular para ir às ruas.
“Esse ano foi um retrocesso para as nossas lutas. Não vou dizer que os povos indígenas tenham tido anos fáceis, porque desde a invasão desse país estamos em luta”, analisa Chirley Pankara, co-deputada estadual da Bancada Ativista em São Paulo.
Além da falta de novas demarcações, indígenas sofreram com tentativas de reintegração de posse e principalmente com a violência de latifundiários e grileiros.
Anteriores à Presidência, as declarações de Jair Bolsonaro de que não demarcaria “um centímetro de terra para indígenas” e de que as reservas deveriam servir para o garimpo foram um chamariz para a violência. Os povos Guajajara foram os mais perseguidos. Ao menos seis indígenas da etnia foram assassinados neste ano – quatro foram sepultados no Maranhão em menos de dois meses.
“Os garimpeiros e os madeireiros se sentem fortalecidos pela palavra infeliz de alguém que deveria estar liderando e cuidando de um país, acolhendo e salvando vidas. Se aquele que era para proteger está dizendo ‘vocês podem fazer o que vocês quiserem’, os demais vão seguindo… invadem as terras, matam indígenas, exploram, levam madeiras, põem fogo na nossa mata”, comenta a co-deputada.
Segundo Chirley Pankara, a expectativa é que 2020 seja um ano de luta e resistência. “A gente não espera que seja melhor [que 2019]. Enquanto não houver um impeachment [de Bolsonaro], não vai mudar. Nós temos que estar articulados para ocupar as ruas, denunciar. Sabemos que, enquanto estiver lá esse presidente, com esses pensamentos, vai ter luta. Vai ter muita luta”.