Bolsonaro confirma que se apoia em militares

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Foto: Marcos Corrêa/PR

Em evento com oficiais-generais em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro elogiou ontem presidentes do regime militar e disse que as Forças Armadas são “a grande âncora” de seu governo.

A fala sinaliza uma aproximação de Bolsonaro com a caserna, depois que arrefeceram os ataques de aliados do presidente à ala militar de governo.

“Creio eu que seja o momento para rememorarmos algo de muito bom feito por governos anteriores. Quando se fala em Amazônia Azul, devemos a passagem de 12 para 200 milhas o nosso mar territorial ao nosso eterno presidente Emílio Garrastazu Médici”, discursou Bolsonaro em uma evento com oficiais-generais em Brasília. “Quando se fala em Amazônia, rememoramos a Zona Franca de Manaus. Devemos a mesma ao nosso presidente marechal Humberto de Alencar Castello Branco, feito esse que nos permite dizer que a Amazônia é nossa”, afirmou.

Ao rememorar a instauração do 13º salário para militares e o projeto Calha Norte, de desenvolvimento para a região Amazônica, no governo José Sarney (1985-1990), ele exaltou o então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves.

“Quero cumprimentar a todos, desejar boas festas e dizer-lhes, senhores oficiais generais, que nós nada fazemos sozinhos”, disse Bolsonaro, ao finalizar seu discurso. “A grande âncora de meu governo são as Forças Armadas, que com juntamente com outras classes, outras instituições, nos dão a certeza de que nós podemos realmente mudar o destino do Brasil”.

Os militares já foram alvo nos últimos meses de ataques do ideólogo do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e do deputado Marcos Feliciano (SP), expulso ontem do Podemos.

Em outro sinal de aproximação, Bolsonaro também blindou parte dos gastos militares de cortes e contingenciamentos no Orçamento de 2020. E patrocinou uma reforma da Previdência dos militares em condições mais favoráveis do que a da reforma das aposentadorias da população civil. Essas duas medidas foram elogiadas pelo comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, anfitrião do evento.

“O Brasil tem passado por um longo período de restrições orçamentárias. Contudo, o esforço deste governo garante a continuidade de projetos estratégicos em rumos seguros”, afirmou

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, que é general, também comemorou a reforma da Previdência dos militares.

“O projeto de lei sobre a proteção social dos militares aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional representou possivelmente a mais importante realização do ano de 2019, corrigindo anos de antigas distorções, valorizando a meritocracia, a experiência e a retenção de talentos, requisitos fundamentais para que o Brasil tenha Forças Armadas modernas, compatível com a estatura geopolítico do Brasil”, disse o ministro.

Barbosa fez ainda uma defesa da gestão ambiental do governo contra “ameaças aos interesses nacionais”. “Ao longo desse primeiro ano de governo, as ameaças aos interesses nacionais se apresentaram sob diversas perspectivas”, disse. “E, entre tantos desafios, destaco a instabilidade internacional, a guerra cibernética, as questões indígenas e ambientais manipuladas, os acessos ilegais aos conhecimentos das nossas Amazônias azul e verde, o tráfico de drogas e armas, ações de pirataria no nosso entorno estratégico, desastres naturais e crimes ambientais.”

Valor Econômico