SERGIO LIMA / AFP

Brasil fica em alerta com acordo China-Trump

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A possibilidade concreta de um acordo entre Estados Unidos e China, para colocar um ponto final na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo, preocupa governo e exportadores brasileiros. Isto porque o Brasil praticamente tomou o espaço dos EUA no mercado chinês no caso de produtos como soja e até proteína animal, como carne suína.

Segundo o secretário substituto de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Flavio Bettarello, a saída é diversificar a pauta exportadora para a China e buscar novos mercados em regiões como a Ásia, a África, a América do Sul e a própria União Europeia (UE). Em meados deste ano, os europeus assinaram um acordo de livre comércio com o Brasil que deverá ser ratificado pelos congressos das nações envolvidas no ano que vem.

– Sabemos que um dia esse acordo será firmado. A questão é quando isso acontecerá. Os exportadores brasileiros se aproveitaram deste momento, mas não podemos deixar que essa oportunidade acabe se transformando em uma dependência. Precisamos estar preparados para uma reversão de tendências disse ele ao GLOBO.

De janeiro a novembro deste ano, o Brasil exportou US$ 57,6 bilhões para a China, valor 28% superior ao registrado no mesmo período de 2018. Do total vendido, a soja representou 34%; o petróleo, 24%; e os minérios, 21%.

Com a China, o Brasil teve um superávit de US$ 24,9 bilhões nos 11 primeiros meses de 2019. Já com os EUA, houve um déficit de cerca de US$ 1 bilhão. Enquanto os chineses compram mais produtos básicos brasileiros, os americanos dão preferência a manufaturados.

O Brasil acabou sendo afetado pela guerra comercial entre EUA e China. No ano passado, outros países, além da nação asiática, tiveram suas exportações de aço e alumínio sobretaxadas em, respectivamente, 25% e 10%. Para fugir da tarifa, as indústrias brasileiras, argentinas e sul-coreanas firmaram um acordo de restrição voluntária de suas vendas no mercado americano.

Há cerca de duas semanas, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou sobretaxar o Brasil e a Argentina, sob a alegação de que os dois países estariam desvalorizando suas moedas deliberadamente. Nada saiu de oficial a respeito, mas o governo brasileiro vem conversando com autoridades americanas para evitar a medida protecionista.

OGLOBO