Guerra interna no PSDB

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Foto: André Coelho/O Globo/Arquivo

A bancada do PSDB escolheu na última terça-feira um novo líder para comandar o partido na Câmara em 2020: Beto Pereira (MS), aliado do governador de São Paulo João Doria . A eleição, porém, dividiu o partido em duas alas. O grupo que faz oposição a Beto, capitaneado por Aécio Neves (MG), quer reverter a escolha e indicar Celso Sabino (PA).

Sem querer se identificar, deputados do PSDB relatam que receberam ligações de Arthur Lira (PB), líder do PP, e de Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, pedindo apoio ao nome de Aécio para a liderança. Sabino foi relator do processo que ameaçou expulsar Aécio do PSDB e foi a favor da permanência do tucano no partido.

Os aliados do mineiro abandonaram a eleição na terça-feira, à exceção de Bruna Furlan (SP), que votou em Sabino. Com a presença dela, a eleição foi encerrada com 16 votos a favor de Beto e um contrário. Com isso, foram colhidas 17 assinaturas apoiando o aliado de João Doria na liderança. Em respeito à eleição, Bruna assinou.

— Eu respeito a eleição e o líder (Carlos Sampaio, que deixa o posto este ano). Se tiver uma nova lista, não vou assinar — diz a deputada.

Entre os apoiadores de Beto Pereira, porém, está Miguel Haddad (SP). Ele é suplente de Guilherme Mussi (PP-SP), deputado que está de licença e volta nesta quinta-feira. Com Haddad, o PSDB tem 32 deputados, e precisa de 17 assinaturas para formar maioria. Sem ele, a partir de sexta-feira, são 31 deputados, e bastam 16 nomes.

Aliados de Aécio criticam a lisura do processo. Alegam que apoiadores de Beto Pereira e Carlos Sampaio colheram a assinatura de Tereza Nelma (AL), que está de licença médica e passando por um tratamento de saúde, o que seria desonesto. Dizem também que Sampaio antecipou a votação para possibilitar o voto de Miguel Haddad, que, na prática, desempatou a eleição a favor de Beto Pereira.

Aécio disse a aliados que está com uma lista com 16 assinaturas pronta para indicar Sabino, que pode ser protocolada na sexta-feira, quando Miguel Haddad já não for mais deputado — e que não foi apresentada antes por respeito a Haddad. Para formar maioria, porém, ele precisa do apoio de Bruna Furlan, que garante respeitar a escolha de Beto Pereira.

Deputados ligados a Carlos Sampaio são céticos de que haverá uma “guerra de listas” no PSDB como está havendo pela liderança do PSL. Dizem que a situação está resolvida com a eleição de terça-feira, e que o partido se resolverá no diálogo.

O Globo