PDT de Ciro quer se aliar com o DEM

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Foto: Marcelo Chello/CJPres

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De olho em eventual aliança na sucessão presidencial, as cúpulas do DEM e do PDT começaram a articular palanques conjuntos no pleito municipal de 2020. De saída, as conversas envolvem a formação de chapas no Rio de Janeiro, em Salvador e a reedição da parceria em Fortaleza, base eleitoral do presidenciável Ciro Gomes (PDT).

Embora uma ala do DEM flerte discretamente com Luciano Huck, a desconfiança quanto ao real compromisso do apresentador com o projeto presidencial aproxima o partido do candidato de centro-esquerda.

Reservadamente, lideranças do DEM confessam a falta de entusiasmo com o pré-candidato do PSDB, o governador de São Paulo, João Doria, e enxergam em Ciro e Huck os únicos atores aptos a interagir com o eleitorado de baixa renda e com envergadura para enfrentar os extremos, representados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (ou o candidato petista) e o presidente Jair Bolsonaro.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, Ciro Gomes, o presidente do PDT, Carlos Lupi, e o segundo secretário da Câmara, Mário Heringer (PDT-MG), reuniram-se nos últimos meses em Brasília para discutir a conjuntura e as possíveis alianças municipais.

O Valor mostrou que o presidente da Câmara fez acenos à esquerda ao avalizar o pacote para a área social coordenado pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP). Na última semana, Maia disse ao jornal “O Globo” que não descarta o apoio ao pedetista em 2022. “Nós [DEM] quase apoiamos o Ciro Gomes [em 2018]. Eu não teria nenhum problema em apoiar o Ciro Gomes, admitiu. “O Ciro Gomes é um cara que tem palavra”.

No Rio de Janeiro, o DEM enfrenta um impasse: cogita não lançar a candidatura do ex-prefeito Eduardo Paes, que lidera a corrida para a prefeitura, a fim de preservá-lo para uma nova postulação ao governo em 2022.

Nesta hipótese, o DEM se alinharia à candidatura da deputada estadual Martha Rocha, do PDT, que desponta em 3º lugar nas sondagens internas da sigla, com 12%. Paes aparece com 14%, seguido pelo deputado Marcelo Freixo (Psol), com 13%.

Martha foi delegada da Polícia Civil e tem autoridade para debater a pauta de segurança pública, vitrines do presidente Bolsonaro e do governador Wilson Witzel (PSC), que lançarão nomes competitivos na disputa.

Paes tem recall pelos dois mandatos à frente da Prefeitura do Rio (2009-2016), e da disputa para o governo, quando saiu derrotado por Witzel. Em contrapartida, o ex-prefeito venceu na capital fluminense, alcançando 51,6% dos votos válidos.

As pesquisas qualitativas, contudo, mostram que Paes ainda tem a imagem associada ao MDB dos ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, condenados por corrupção. Se Paes não sair em 2020, teria o apoio do PDT na disputa para o governo e Ciro Gomes em seu palanque.

Com cerca de 75% de aprovação popular, ACM Neto tentará eleger em Salvador o vice-prefeito e secretário de Obras, Bruno Reis (DEM). Neto tenta atrair para a vaga de vice o secretário municipal de Saúde, Léo Prates, que vai se filiar ao PDT.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que Prates é o pré-candidato da sigla a prefeito, mas nos bastidores a articulação é para que ele se torne vice se não crescer nas pesquisas. Segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado na semana passada, Reis aparece em segundo lugar, com 16,8% das intenções de voto, e Prates tem 3%. Quem encabeça a corrida é o deputado federal Pastor Isidório (Avante), com 18,2%.

DEM e PDT tendem a reeditar a aliança em Fortaleza, reduto eleitoral de Ciro Gomes. O prefeito Roberto Cláudio (PDT), que já se reelegeu, ainda não escolheu o seu candidato. Há uma articulação para que o vice-prefeito e dirigente local do DEM, Moroni Torgan, mantenha a vaga de vice na chapa a ser encabeçada pelo PDT.

A parceria não se viabiliza em São Paulo e Minas Gerais. Na capital paulista, o DEM tem compromisso com o PSDB do prefeito Mário Covas Neto por causa do vice-governador Rodrigo Garcia (DEM). Em Belo Horizonte, o DEM apoiará a reeleição do prefeito Alexandre Kalil (PSD), que garantiu o segundo lugar a Ciro Gomes na capital mineira em 2018, atrás de Bolsonaro, mas superando Fernando Haddad (PT).

Ciro Gomes está em pré-campanha pelo país: ele passa 15 dias visitando outros Estados e três dias percorrendo o interior do Ceará, seu reduto eleitoral.

O foco no momento é o circuito universitário em São Paulo e Minas Gerais. O Valor acompanhou palestras de Ciro em novembro na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU). Em Minas, Ciro visitou faculdades em Belo Horizonte, Contagem, Barbacena, Viçosa e Uberaba.

Valor Econômico