Piora da Educação sob Temer derrubou IDH do Brasil
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O Brasil caiu uma posição no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. Segundo dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( Pnud ), o país passou da 78ª posição em 2017 para a 79ª no ano passado.
Já quando se observa o período de 2013 a 2018, o Brasil perdeu três posições no ranking. O principal fator por trás disso é a estagnação na escolaridade . Além disso, quando a nota é ajustada pela desigualdade , o Brasil cai 23 posições.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro é de 0,761, um leve aumento em relação ao resultado anterior, de 0,760. Pelo critério da ONU, quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano. A evolução de 0,001 foi a pior registrada nos últimos anos. O Pnud não apresentou, porém, a série histórica completa.
O indicador de educação, no entanto, está estagnado. O período esperado para que as pessoas fiquem na escola está parado em 15,4 anos desde 2016. A média de anos de estudo foi de 7,8 anos, mesmo patamar de 2017.
O relatório apresenta o IDH de 2018 para 189 países e territórios. O número é calculado com base em indicadores de saúde, educação e renda. A Noruega lidera o ranking, com 0,954, seguida por Suíça, Irlanda e Alemanha. O mais mal colocado continua sendo o Níger, com 0,377.
Em 2018, a expectativa de vida do Brasil era de 75,7 anos, praticamente a mesma de 2017 (75,5). Em 2015, eram 75 anos. Já a renda per capita anual subiu de US$ 13.975 para US$ 14.068 no ano passado. Em 2015, era de US$ 14.490.
— O que é importante é a nota do IDH. A posição do ranking depende do que acontece em outros países. A nota do Brasil é positiva. O crescimento do IDH no Brasil é positivo, sólido e sustentável — pondera Pedro Conceição, diretor do Pnud responsável global pelo relatório.
Quando analisados os dados dos Brics (grupo que reúne ainda Rússia, Índia, China e África do Sul), apenas a Rússia apresenta um IDH maior que o do Brasil (0,824).
O Pnud destaca que, entre 1990 e 2018, o Brasil apresenta aumento consistente do seu IDH, tendo passado de 0,613 para 0,761, um crescimento de 24%, acima da média da América Latina e Caribe (21%) e da média global (22%).
No mesmo período, a esperança de vida ao nascer no Brasil cresceu 9,4 anos, a média de anos de estudo aumentou 4 anos, e os anos esperados de escolaridade tiveram avanço de 3,2 anos. A renda per capita média anual subiu 39,5%.
O órgão avaliou que, apesar dos ganhos substanciais em saúde, educação e padrões de vida em todo o mundo, para muitos, as necessidades básicas permanecem não atendidas. E destaca que surge uma próxima geração de desigualdades, considerando aspectos como meio ambiente e acesso à tecnologia, enquanto grande parte dos desafios ainda não foi vencida. É o que o Pnud chama de novas desigualdades.
“Sob a sombra da crise climática e das amplas mudanças tecnológicas, as desigualdades no desenvolvimento humano estão assumindo novas formas no século XXI. As desigualdades nas capacidades estão evoluindo de maneiras diferentes”, destaca o relatório.
O desenvolvimento humano do Brasil despenca quando a desigualdade entra na equação. O Brasil perde nada menos que 23 posições no ranking geral do IDH quando o dado é ajustado à desigualdade. Segundo o Pnud, o Brasil é o país que mais perde posições no mundo se a desigualdade entra na conta. Não foi divulgado, porém, o ranking ajustado.
A principal causa para o resultado brasileiro é a desigualdade de renda, que já vinha sendo observada em anos anteriores. A parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentra 41,9% da renda total do país. Enquanto isso, a parcela dos 1% mais ricos fica com 28,3% da renda. É a segunda maior concentração de renda do mundo, atrás apenas do Qatar.
No mundo, o país que menos perde por causa da desigualdade é o Japão, cujo IDH é de 0,915.
O Brasil ainda sofre com desigualdade de gênero. As mulheres têm aqui 15% dos assentos no Parlamento, menos que o Níger , o país com o menor IDH do mundo, onde essa proporção é de 17%.
Essa baixa participação política das mulheres é um dos fatores que contribuem para o Brasil estar na 89ª posição no Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), calculado para 162 países. Nesse ranking, a Suíça está no topo, e o Iêmen, na lanterna.
Os dados do relatório mostram ainda que as mulheres brasileiras vivem mais e têm mais anos de escolaridade que os homens, mas têm menos desenvolvimento humano. Isso porque recebem bem menos por seu trabalho: a renda das mulheres no país é 41,5% menor que a dos homens. Pelo conceito de renda nacional bruta per capita , eles ganham US$ 17.827 por ano, enquanto elas ficam com US$ 10.432.
O governo Jair Bolsonaro ressaltou que os dados se referem ao ano de 2018. Em nota, a Casa Civil destacou que o governo tem compromisso com os brasileiros e vem realizando transformações em todas as áreas apontadas no relatório, “consertando o estrago deixado pelos governos petistas, que estão refletidos nesse índice”.
“Quanto ao ‘IDH ajustado’ (à desigualdade), ele também é reflexo direto das políticas equivocadas que por décadas foram praticadas no Brasil. Temos certeza de que, com as políticas realizadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, que tem como parâmetro as diretrizes de governança da OCDE, o Brasil vai subir ano após ano no ranking do IDH. Seja ele o clássico ou o ajustado”, diz a nota.