Prévia do PSDB contraria Doria

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

Pesquisa elaborada pelo PSDB nacional com filiados e simpatizantes aponta para uma vitória esmagadora da obrigatoriedade de prévias como forma de escolha de candidatos a cargos majoritários (prefeito, governador, presidente e senador). O placar em favor das primárias estava nesta terça-feira em torno de 90%. A enquete termina na sexta-feira e seu resultado será apresentado em um congresso convocado pelo partido para este sábado em Brasília.

A pesquisa é um dos recursos a que o PSDB recorreu para orientar a atualização de suas posições programáticas. Além das prévias, filiados estão se posicionando sobre temas da agenda nacional, como flexibilização da posse de armas, liberação da maconha e demarcação de terras indígenas, entre outras. Após um debate sobre o resultado da pesquisa no congresso tucano, um documento será elaborado com as novas diretrizes partidárias. A proposta é que a “nova cartilha” seja levada em consideração para o PSDB posicionar suas bancadas no Congresso e alinhar o discurso de seus candidatos nas próximas eleições.

– Esse é um processo de revitalização programática. Estamos consultando os filiados porque eles são um termômetro importante. Mas isso não é um referendo. Os resultados passarão pelo filtro dos nossos 600 delegados. Será tirada uma postura do partido frente ao novo momento político. A realidade mudou e o partido tem que mudar. Somos o único partido a fazer uma consulta desse tipo – disse o ex-deputado Marcus Pestana, um dos coordenadores do congresso.

Prévias não são obrigatórias no PSDB. São Paulo é o estado onde o instrumento foi mais usado pela sigla. Nas duas últimas eleições, o candidato tucano a prefeito e a governador foram anunciados após disputa interna. Mas, em nível nacional, prévias nunca foram realizadas para definir os postulantes à Presidência da República.

A enquete fala em prévias com a participação de todos os filiados. O placar acachapante tem feito dirigentes do partido pensar como isso se traduziria na prática. Umas das possibilidades é definir em estatuto o critério de filiado.

– Exercitar a democracia interna dá trabalho. A filiação apenas não representa efetiva militância no partido. Vamos ter que pensar formas de como aprimorar no estatuto o conceito de filiado. Tem que qualificar os participantes das decisões partidárias – defendeu Pestana.

Se o resultado da pesquisa for acatado no congresso, o partido estará obrigado a realizar prévia em 2022 caso haja mais de um interessado na vaga de presidenciável. O governador de São Paulo, João Doria, é hoje o nome mais lembrado no partido para disputar a eleição presidencial, mas não é o único. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem ganhado a simpatia de integrantes da velha-guarda tucana, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e de adversários de Doria.

Nesta terça-feira uma entrevista do gaúcho ao jornal “Valor Econômico” alimentou especulações sobre uma disputa interna. Ao ser perguntado se tinha interesse em se colocar para a eleição presidencial, Leite respondeu que está sendo chamado para o “jogo”. O tucano gaúcho reafirmou que não vai disputar a reeleição, assim como Doria.

– Eu defendo que Huck (Luciano Huck, apresentador), Doria e eu possamos participar desta discussão, construir um projeto e ver quem lá na frente quem melhor pode representar do ponto de vista eleitoral a condução desse projeto – afirmou Leite.

Resultados preliminares indicam que os filiados ora adotam posições mais conservadores ora com posições mais progressistas. Sobre o debate armamentista, a tendência no tucanato é de uma derrota da tese de ampliação da posse e do porte de armas – uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro. A maioria dos filiados está votando pela manutenção da legislação atual.

Já em relação à demarcação de terras indígenas, outro assunto da pauta bolsonarista, a tendência é que a maioria dos filiados se posicione a favor da manutenção do quadro atual – sem ampliação nem redução das áreas demarcadas. É posição semelhante a de Bolsonaro.

Exemplos de posturas mais progressistas são a preferência pelo fim do foro privilegiado no país e pela cobrança de mensalidade de alunos “ricos” em universidades públicas.

A votação sobre a redução da maioridade penal para 16 anos e a liberação do uso da maconha está apertada e, por enquanto, não é possível fazer projeções sobre se o partido estaria caminhando para um pólo mais conservador ou progressista.

A pesquisa é online e está disponível no site do partido desde 9 de novembro. Até terça-feira cerca de 3.500 pessoas haviam participado.

O Globo