Aliados de Bolsonaro querem punir presidente do Inep

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Foto: Casa Civil, PR

Líderes do Congresso Nacional devem ampliar a pressão para que o presidente Jair Bolsonaro faça mudanças no Ministério da Educação, depois da decisão da Justiça de suspender o processo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o que pode adiar a divulgação dos resultados.

Segundo fontes da cúpula do Legislativo, há o entendimento de que a resistência do governo em admitir o erro na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi determinante para que a crise ganhasse outras proporções. Parlamentares já teriam alertado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que repassarão a auxiliares de Bolsonaro o diagnóstico de que apenas uma troca de comando será capaz de estancar a crise na educação.

Na avaliação de lideranças do Parlamento, Bolsonaro deve preservar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a punição mais dura pode atingir o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes. Subordinado ao MEC, o órgão responde pelo planejamento e execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sisu.

“Como Bolsonaro já blindou Weintraub em outras polêmicas, acreditamos que a corda arrebentará para o lado mais fraco, caso Bolsonaro decida promover mudanças em razão dessa crise. Por isso, o presidente do Inep estaria mais vulnerável”, acredita um membro da cúpula do Congresso ao Valor.

Procurada, a assessoria do Inep não se pronunciou.

A ideia dos deputados é que o diagnóstico chegue a Bolsonaro ainda hoje, assim que ele desembarcar no Brasil. O presidente estava em viagem oficial à Índia.

Ainda que determinada por questões técnicas, a ofensiva também é uma resposta da cúpula do Congresso ao Planalto. Em dezembro, Bolsonaro exonerou Rodrigo Dias do comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O desligamento foi oficilizado no Diário Oficial da União, minutos após uma reunião entre ambos. Bolsonaro não avisou Maia sobre a saída do aliado.

Um interlocutor do presidente disse ao Valor que ele está ciente da insatisfação de Maia, mas que não deve ceder. “Não é típico do presidente patrocinar mudanças por pressão de ninguém. A não ser que esse alguém divulgue um vídeo imitando [Joseph] Goebbels”, disse, em referência à recente demissão do Secretário Especial de Cultura, Roberto Alvim.

Ontem, a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para garantir a manutenção do calendário de divulgação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

O impasse sobre a divulgação do resultado começou após o governo admitir que houve erro na correção do Enem. A falha afetou quase 6 mil candidatos, de acordo com Weintraub. As notas dos estudantes no Enem são critério para concorrer a uma das 237,1 mil vagas em universidades públicas, disputadas pelo Sisu.

Ontem, a presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), desembargadora Therezinha Cazerta, rejeitou pedido da AGU e manteve suspensa a divulgação dos resultados do Sisu. Com isso, a liminar concedida pela Justiça Federal de São Paulo, que impede que os resultados sejam divulgados, segue em vigor.

Valor Econômico