Bolsonaro espera apoio dos EUA à candidatura do Brasil à OCDE
O governo brasileiro trabalha com a expectativa de os Estados Unidos apresentarem o Brasil como prioridade para entrar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta quarta-feira, durante reunião do conselho do organismo, na França.
Se o apoio formal — discutido nas últimas semanas entre representantes dos dois governos — se confirmar, acabam as incertezas sobre o cumprimento da promessa de apoiar a candidatura brasileira.
Em março de 2019, durante visita do presidente Jair Bolsonaro aos EUA, o presidente Donald Trump declarou esse compromisso. No entanto, em outubro, o Departamento de Estado americano defendeu formalmente o ingresso da Argentina e da Romênia como membros da OCDE, sem mencionar o Brasil.
Pode ter ajudado o Brasil o fato de o novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, ainda não ter deixado claro o que espera sobre a OCDE. Essa definição, acredita um técnico, acabou contribuindo para que os brasileiros “furassem a fila”.
Em sua coluna publicada nesta terça-feira pela revista Época, o cientista político e professor da universidade de Harvard, Hussein Kalout, antecipou que os EUA estão prontos a fazer esse gesto. De acordo com ele, a medida teria como fim recompensar as diversas concessões feitas pelo Brasil. O governo brasileiro tem sido alvo de críticas, devido a esse alinhamento com os americanos.
Desde o ano passado o país fez concessões aos EUA em diversas questões. Entre alguns exemplos, aumentou a cota de importação de trigo americano, declarou-se a favor do embargo a Cuba e, mais recentemente, divulgou uma nota se posicionando ao lado de Washington no episódio marcado pelo assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária no país.
Fontes do governo brasileiro, porém, negaram que esse apoio mais assertivo de Washington seja uma forma de compensar o Brasil.
— O que existe é uma relação estratégica que começou a ser trabalhada desde janeiro de 2019 — argumentou uma fonte, acrescentando que as relações com os americanos seguem os pilares da democracia, do crescimento econômico e da segurança.