Bolsonaro queima dólares deixados pelo PT

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Pixabay

Espécie de seguro contra crises, as reservas internacionais do Brasil fecharam o ano passado no menor nível desde 2015. O estoque das reservas brasileiras encerrou 2019 em US$ 356,9 bilhões, informou nesta segunda-feira o Banco Central. Na comparação com o fim de 2018, a redução das reservas foi de US$ 17,8 bilhões.

Nesta segunda-feira, o BC informou que, puxadas pela queda das exportações, as contas externas brasileiras registraram em 2019 o pior resultado para o ano desde 2015.

O movimento de redução das reservas internacionais brasileiras, que tende a continuar neste ano, teve início em agosto. Naquele mês, o Banco Central quebrou um tabu de dez anos e passou a vender dólar à vista pela primeira vez desde 2009. Foi quando a moeda teve a maior alta em 12 meses, afetada pela guerra comercial, crise em torno da Amazônia e o cenário político na Argentina.

O Banco Central vendeu, no ano passado, US$ 36,9 bilhões em reservas no mercado à vista. Mas essa não foi a redução total das reservas porque houve receitas com juros e variações de preços.

Em dezembro de 2015, as reservas somavam US$ 356,4 bilhões. Desde então, o montante foi subindo até atingir o pico de US$ 390,5 bilhões em junho deste ano. De lá até 31 de dezembro de 2019, elas caíram US$ 33,6 bilhões.

A diminuição das reservas vai ajudar a conter a dívida pública do país, que estava em R$ 5,6 trilhões em novembro. O dado fechado de 2019 será divulgado na próxima sexta-feira. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer, durante a transição, que poderia vender reservas caso o dólar atingisse “R$ 4,20, R$ 4,30, R$ 5” para recomprar a dívida interna.

Pelas contas do FMI, o nível adequado das reservas brasileiras seria de US$ 243,2 bilhões. Mas o Fundo admite uma margem que pode superar em 50% esse valor, ou seja, US$ 364,8 bilhões.

Reserva internacional é o dinheiro que o Banco Central mantém guardado para proteger o Brasil de turbulências internacionais. A maior parte está aplicada em títulos do Tesouro Americano, que são fáceis de vender e mais seguros.

Com essa poupança, o Brasil garante que haverá dólares para as empresas daqui garantirem negócios que já estão fechados no exterior em caso de forte turbulência lá fora. As reservas também asseguram moeda para que os bancos façam operações para clientes.

No Brasil, há certa obsessão por acumular reservas, produto do trauma das crises cambiais do passado, especialmente a que foi deflagrada pela eleição de Lula em 2002. A entrada maciça de dólares durante o boom das commodities, até 2011, facilitou a tarefa.

A redução das reservas foi iniciada pelo BC na gestão de Roberto Campos Neto e só começou após a mais recente baixa nos juros. Após quase um ano em 6,5%, a Selic, a taxa básica de juros, voltou a cair e fechará 2019 em 4,5% ao ano, mínima histórica.

Isso fez investidores estrangeiros e brasileiros levarem dólares para fora do país. Empresas nacionais começaram a trocar dívidas externas por outras aqui dentro. O movimento aumentou a demanda por dólar, causando volatilidade na cotação e reduzindo a oferta da divisa. O BC, então, passou a ofertar dólares à vista.

O Globo