Bolsonaro se recusou a receber Onyx

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Foto: Adriano Machado/Reuters

Em repouso após passar por procedimento de vasectomia na noite desta quinta, 30, o presidente Jair Bolsonaro mantém reuniões com aliados no Palácio da Alvorada ao longo desta sexta-feira, 31, para definir o futuro do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), no governo.

Pela manhã, ele recebeu os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), mas não Onyx, que vê sua pasta ser esvaziada pelo governo. O titular da Casa Civil antecipou o retorno das férias nos Estados Unidos justamente para tentar conversar com o presidente o mais rápido possível. Oficialmente, ele só retornaria no próximo domingo, 2.

Embora já esteja em Brasília, depois de antecipar retorno de férias nos Estados Unidos, Onyx ainda não havia sido recebido pelo presidente até o meio da tarde desta sexta-feira. Apesar do “gelo”, auxiliares de Bolsonaro afirmam que o presidente busca ao menos uma “saída honrosa” para Onyx, tido como aliado fiel desde a pré-candidatura a presidente. Uma opção seria nomeá-lo ministro da Educação ou outra pasta ligada à área social. Ainda é avaliado deixar que Onyx retorne ao cargo de deputado federal, mas como líder do governo na Câmara.

Ao chegar, pela manhã, o ministro disse ao G1 que o encontro com o presidente poderia ocorrer entre hoje e amanhã e que não considera deixar o governo Bolsonaro. “Vou ver se ele me recebe hoje ou amanhã e com tranquilidade a gente vai conversar e resolver todas essas questões”, disse.

Onyx voltou ao Brasil em função da crise que levou à demissão de Vicente Santini, ex-secretário-executivo de Onyx, e ao esvaziamento da Casa Civil. Santini foi exonerado duas vezes nesta semana. A primeira foi oficializada na quarta, 29, depois de Bolsonaro considerar “imoral” o uso de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para o assessor viajar a Suíça e Índia. O custo estimado do voo é de pelo menos R$ 740 mil.

No mesmo dia, porém, Santini foi nomeado para outro cargo na Casa Civil, desta vez como assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. A repercussão fez Bolsonaro recuar novamente e tornar sem efeito o ato que devolveu a ele um emprego na pasta.

Bolsonaro ficou irritado e argumentou que Santini poderia ter viajado em voo comercial, como outros ministros fizeram. “O que ele (Santini) fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de avião comercial, classe econômica”, afirmou o presidente. A FAB e a Casa Civil afirmaram que o voo cumpriu as disposições legais.

A crise também levou à saída do chefe da comunicação da Casa Civil. O ministério de Onyx ainda perdeu o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), transferido para a Economia. No Palácio do Planalto, a avaliação é de que a pasta se tornou “obsoleta” após sucessivas mudanças que esvaziaram a sua estrutura.

O Estado apurou que o presidente não pretende receber o ministro hoje para uma conversa sobre o caso. A justificativa seria que ele precisa manter o repouso, embora mantenha reuniões com outros ministros. Após deixar o Palácio da Alvorada, Augusto Heleno deixou claro que a saúde de Bolsonaro “está ótima”.

Auxiliares de Bolsonaro lembram que o “gelo” dado em Onyx é uma estratégia que costuma ser usada por Bolsonaro quando está irritado. Outros subordinados já sofreram com este tipo de “fritura”. Um exemplo é o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebbiano, demitido em fevereiro, que teria tentado em vão conversar com Bolsonaro em seus últimos dias no governo.

O general Maiynard Santa Rosa, ex-secretário de Assuntos Estratégicos, também deixou o governo reclamando que não era recebido pelo presidente.

‘Sequência’. Ao desembarcar no Brasil, Onyx afirmou que sua intenção é continuar no governo. “Nós tivemos um episódio bem localizado, que já está resolvido. Agora é sentar, ouvir do presidente o que ele deseja da gente e dar sequência”, disse o ministro da Casa Civil. Ele seguiu do aeroporto de Brasília para a sua casa, na região central de Brasília. Depois, foi ao Palácio do Planalto, onde já teve conversa com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Eles devem voltar a se reunir à tarde.

Heleno não detalhou a conversa que teve com Onyx. Segundo o ministro do GSI, Bolsonaro está com a saúde “ótima”, mas não deve ir hoje ao Palácio do Planalto. “Daqui para frente vida normal”, afirmou.

Estadão