Coronavírus: Brasil corre “perigo iminente”

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

O Ministério da Saúde subiu o nível de alerta do coronavírus para “perigo iminente” nesta terça-feira. A classificação é o segundo nível de três. O país entra no nível dois quando há uma suspeita de caso que se enquadra na definição estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como é o da paciente em Minas Gerais que viajou à Wuhan, epicentro da Crise na China.

São três níveis de ativação do Centro de Operações de Emergência (COE) que, segundo o Ministério, estão em alinhamento com a OMS. O primeiro é o nível de alerta, quando há casos acontecendo em outros países, com transmissão concentrada na China. O nível dois inicia a partir da identificação do caso suspeito que se enquadra na definição estabelecida pelo protocolo. Esse nível é chamado de “perigo iminente”. O governo declara emergência em saúde pública de importância nacional no nível três, quando há um caso confirmado da doença.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que não há evidência de que o coronavírus esteja circulando no Brasil. Mandetta disse que a suspeita de um caso em Minas Gerais ainda está sendo analisada, e que a paciente apresenta todos os sintomas que caracterizam a suspeição. No entanto, o Ministério não considera que o vírus esteja circulando no país porque o caso não é de transmissão no Brasil, mas sim na China.

— Temos hoje o caso suspeito de uma paciente que viajou para a cidade de Wuhan (na China) até 24 de janeiro de 2020. É um caso importado, ou seja, uma pessoa que veio dessa cidade. Ela apresentou sintomas compatíveis com a suspeita e o estado geral da paciente é bom. Não há evidência ainda que o vírus esteja circulando, ela está em isolamento e os 14 contatos mais próximos estão sendo acompanhados — afirmou.

A brasileira deixou a China de avião e fez uma escala em Paris, na França, e outra em Guarulhos (SP), antes de seguir para Belo Horizonte. Segundo o ministro, o Brasil tem capacidade de identificar o genoma do vírus.

Mandetta afirmou que sete mil rumores foram analisados, 127 casos foram verificados mais profundamente e dez foram notificados para testes. Dos dez, nove foram descartados e apenas o de Minas Gerais é tratado como suspeito. O resultado do exame que detecta se o caso é de coronavírus deve sair na próxima sexta-feira.

O ministro da Saúde afirmou, ainda, que os brasileiros devem evitar viagens à China:

— Estamos recomendando que viagens à China sejam feitas apenas em caso de necessidade. O Ministério da Saúde desaconselha qualquer viagem nesse momento para aquele país.

A orientação do Ministério mudou com a alteração da OMS na segunda-feira. Na mudança, a organização passou a tratar o assunto na China toda e não só na província de Wuhan. A partir disso, o Ministério passa a tratar como casos suspeitos pessoas que vieram da China nos últimos 14 dias e que apresentem sintomas.

– Ontem a OMS, que até então tratava o assunto restrito a província de Wuhan, ela passa a tratar já a China como um todo. Então muda a orientação que nós tínhamos, da própria OMS, onde nós consideramos, casos suspeitos aqueles procedentes daquela cidade onde estava o epicentro da situação, agora a gente passa a tratar todo e qualquer caso suspeito aqueles procedentes da China – disse o ministro da Saúde.

O Ministério definiu três situações de casos suspeitos. O primeiro é quando a pessoa sente febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório, como tosse ou dificuldade de respirar e tenha estado na China nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sintomas. Na segunda situação, a pessoa apresenta os mesmos sintomas, mas teve contato próximo de um caso suspeito nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sintomas. Na terceira situação, a pessoa também apresenta os mesmos sintomas e teve contato com um caso confirmado de coronavírus nos últimos 14 dias.

O laboratório de referência nacional para o caso de vírus respiratório é o da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. É esse laboratório que dá a palavra final no processo de identificação do vírus. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson Kleber de Oliveira, explica que isso acontece porque ainda não há uma padronização dos procedimentos.

– No caso específico de vigilância de vírus respiratórios, o laboratório de referência nacional que dá a palavra final desse processo, é o laboratório da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro. Lá tem todo o equipamento e padronização. Então a gente recebe a notificação, mesmo ele podendo ser confirmado pelo laboratório central, nessas situações que nós não conhecemos direito, os testes não estão tão bem padronizados, estão sendo montados, ele precisa ser validado pelo laboratório de referência nacional, na Fundação Oswaldo Cruz – disse.

Segundo Oliveira, todos os estados do país tem laboratórios centrais que são capacitados e receberam orientação para tratar dessa situação. A Fundação Ezequiel Dias, em Minas Gerais e o Instituto Evandro Chagas, no Pará, por exemplo, são referências regionais para os exames.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que “não seria oportuno” trazer para o Brasil a família de brasileiros que está internada nas Filipinas, com suspeita de terem contraído o coronavírus.

Segundo adiantou a colunista Bela Megale, Bolsonaro voltou da visita oficial à Índia bastante preocupado com a situação e, além de conversar com Mandetta, o presidente deverá se sentar com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. A ideia é avaliar se há necessidade de promover ações em aeroportos internacionais.

O Globo