MBL processa Doria sobre fichamento de detratores
Foto: Jorge William/Agência O Globo
O Movimento Brasil Livre (MBL) acionou o governo de João Doria na Justiça para suspender uma licitação de R$ 15,8 milhões aberta nesta semana para contratar um serviço de comunicação digital para atender o Executivo paulista. O edital determina que a empresa contratada identifique e monitore perfis de influenciadores, tanto “detratores” quanto “apoiadores”, do governo do Estado de São Paulo.
Na peça, o MBL compara a iniciativa com ditaduras nazistas e comunistas, diz que ela “traz claro intuito repressivo e com viés de censura” e que “ofende os princípios democráticos”.
O governador João Doria nega que “haverá fichamento individual de perfis ou pessoas”. Segundo a assessoria de imprensa do governo do Estado de São Paulo, “ o edital prevê relatórios com separação entre críticas e apoio, para que sejam identificadas demandas da população e adotadas políticas públicas de comunicação e gestão pública.”
A ação, assinada pelo advogado e coordenador do MBL, Rubinho Nunes, também chama o governador João Doria de “rei” ao questionar o interesse público no gasto de R$ 15,8 milhões com o contrato. “É aterrador imaginar o empenho de mais de 15.800 salários mínimos, ou R$ 15.800.000,00 (quinze milhões e oitocentos mil reais) oriundos do erário público, valor esbulhado do trabalhador paulista, para custeio de luxos e publicidade do “rei”.
O edital prevê que a empresa contratada gerencie tanto contas governamentais quanto pessoais de integrantes do poder executivo de São Paulo, como o próprio governador. A ação foi protocolada ontem no Tribunal de Justiça de São Paulo.
O MBL apoiou a candidatura de Doria ao governo de São Paulo, mas rompeu há um ano com o governador.
A assessoria do governo de Doria afirma que a contratação do novo serviço de comunicação digital “terá redução de custos de, no mínimo, 54,5%, com possibilidade da economia chegar a 69,7% em relação ao contrato atual, assinado em 2017.”