Coronavírus afetará crescimento da economia no Brasil
Foto: Adriano Machado/Reuters
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse ao GLOBO nesta quarta-feira que o avanço do novo coronavírus pode afetar o crescimento do país neste ano. No entanto, destacou que a equipe econômica mantém a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2,4%.
Segundo Sachsida, a crise global pode afetar o mercado nacional por meio de três canais: demanda global, menor oferta de insumos e preços de commodities. Os técnicos acompanham com cautela o cenário nessas três frentes.
No primeiro caso, os indicadores são o ritmo de crescimento da economia mundial. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu comunicado em que estima que o PIB global crescerá 0,1 ponto percentual a menos que o esperado.
— Se o resto do mundo cresce menos, o Brasil acaba crescendo menos também — explica Sachsida.
O segundo canal que está sendo monitorado pelo governo é o da oferta de produtos usados na fabricação de produtos brasileiros. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, tanto em exportações como em importações, segundo os dados mais recentes do Ministério da Economia.
Só no ano passado, o mercado brasileiro comprou cerca de US$ 35 bilhões em produtos chineses — 98% desse valor é referente à importação de produtos manufaturados.
Já a terceira frente acompanhada pelo governo é o comportamento do preço de commodities. Os dados da balança comercial também explicam a preocupação do governo com esses indicadores.
Em 2019, a venda de produtos básicos, como soja e milho, respondeu por mais da metade (52,8%) de tudo que o Brasil vendeu para o exterior. Isso equivale a mais de US$ 100 bilhões em exportações.
A projeção mais recente do governo para o crescimento econômico foi divulgada em janeiro, quando o Ministério da Economia divulgou o Boletim Macrofiscal. A projeção de 2,4% é superior à divulgada em outubro, quando a expectativa era de alta de 2,32%.
No mais recente boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta quarta-feira, analistas do mercado financeiro estimam que o PIB brasileiro crescerá 2,2% neste ano, uma queda em relação aos 2,23% previstos na semana passada. Há um mês, a mediana das projeções era de alta de 2,31%.