Representantes de lados opostos do Congresso vão aos EUA

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Foto: Olivier Douliery/AFP

Estão em Washington, nesta semana, representantes de polos opostos do Congresso brasileiro. Enquanto o deputado Eduardo Bolsonaro participa do CPAC, conferência conservadora pró-Trump no sábado, as deputadas Erika Kokay (PT-DF), Joenia Wapichana (Rede-RR) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) divulgam pontos de sua agenda anti-Bolsonaro. Entre os compromissos, uma reunião com representantes do candidato à nomeação pelo Partido Democrata, Bernie Sanders. O encontro incluiu conversas sobre mudanças climáticas, a favor de sistemas de saúde universais, “contra o imperialismo” e a favor da “derrota da extrema direita”, segundo Melchionna.

— Eu tenho convicção de que só uma esquerda radical, no sentido de atacar a raiz dos problemas e mostrar uma alternativa de democracia real para a juventude, para as mulheres, para o futuro da Humanidade e também dos Estados Unidos, é que pode vencer. Por isso eu acho que a eleição de Bernie Sanders é muito importante — disse hoje a deputada, após coletiva de imprensa no Congresso americano.

As deputadas participaram de uma entrevista coletiva no Congresso, com a presença das deputadas americanas Deb Haaland e Ilhan Omar. Omar é parte do chamado “squad”, um grupo formado por quatro deputadas progressistas, alvo frequente do presidente Donald Trump.

Haaland, por outro lado, é uma das congressistas mais ativas em propostas legislativas contra o governo de Bolsonaro. Em julho do ano passado, como O Globo divulgou, ela apresentou uma emenda ao orçamento de defesa americano para obrigar o governo Trump a fazer um relatório sobre os direitos humanos no Brasil.

— A relação Trump-Bolsonaro é uma ameaça ao ar que respiramos, à água que bebemos e à terra da qual dependemos — disse Haaland durante a entrevista.

O foco das deputadas na visita ao Congresso foi em questões ambientais, como mudanças climáticas e a Amazônia, direitos humanos e milícias no Brasil. Mechionna destacou o aumento do feminicídio no Brasil e a falta de esclarecimentos sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.

A deputada brasileira Joenia Wapichama disse que Bernie Sanders é um parlamentar com influência, “independentemente de ganhar ou não”. A deputada argumentou, no entanto, que seu foco na capital americana são os direitos humanos indígenas e da Amazônia, que, segundo ela, está ameaçada pelo novo projeto para mineração em terras indígenas apresentado no início do mês pela Presidência. Wapichama, indígena assim como a americana Haaland, pediu boicote a produtos ligados ao desmatamento, como ouro, carne e petróleo.

A assessoria do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro, não respondeu quais os compromissos do deputado nos Estados Unidos. Pelo Twitter, Eduardo Bolsonaro postou fotos de uma entrevista à Christian Brodcasting Network, rede evangélica que entrevistou Jair Bolsonaro em sua visita a Washington em março do ano passado. Eduardo publicou também uma foto ao lado de Nikki Haley, ex-representante dos Estados Unidos junto à ONU, e com Doug Burleigh, diretor da The Fellowship, instituição cristã que organiza o Café da Manhã Nacional de Oração, do qual o ministro Ernesto Araújo participou no início do mês.

O Globo