Coronavírus: EUA estudam usar sangue de sobreviventes como antídoto

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Foto: Misha Friedman/AFP

Os hospitais de Nova York estão se preparando para usar o sangue de pessoas que se recuperaram da Covid-19 como um possível antídoto para a doença. A infusão ocorreria em pacientes infectados e busca aliviar a procura por unidades de terapia intensiva. Os EUA podem se tornar o mais novo epicentro do coronavírus — o estado de Nova York já registrou 25 mil casos e 210 óbitos.

Estudos chineses tentaram usar o plasma — a fração de sangue que contém anticorpos, mas não os glóbulos vermelhos — de pessoas que se recuperaram da Covid-19. Os resultados, no entanto, ainda são preliminares. A terapia com o plasma convalescente teve resultados modestos durante o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e o ebola. Agora, os pesquisadores americanos tentam selecionar o sangue de doadores que contêm anticorpos para depois destiná-lo aos pacientes mais propensos a beneficiar-se do tratamento.

Uma vantagem importante do plasma convalescente é que ele está disponível imediatamente, enquanto medicamentos e vacinas levam meses ou anos para se desenvolver. A infusão de sangue dessa maneira parece ser relativamente segura, desde que haja um rastreamento do vírus e de outros componentes que possam causar uma infecção.

— Todo paciente que podemos manter fora da UTI é uma enorme vitória logística, porque os hospitais estão lotados — diz Michael Joyner, anestesista e fisiologista da Mayo Clinic em Rochester, no estado de Minnesota (EUA). — Precisamos colocar isso em prática o mais rápido possível e rezar para que uma onda de casos não sobrecarregue lugares como Nova York.

Os pesquisadores esperam que a técnica seja aplicada também com pessoas com alto risco de desenvolver Covid-19, como enfermeiros e médicos, evitando baixos na força de trabalho dos hospitais.

Alguns hospitais americanos planejam lançar um ensaio clínico controlado por placebo para coletar evidências concretas sobre o desempenho do tratamento. A comunidade científica internacional acompanha o estudo porque, diferentemente das drogas, o sangue dos sobreviventes é relativamente barato e está disponível em qualquer país afetado por um surto.

Além do soro convalescente, grupos de pesquisa e empresas de biotecnologia tentam identificam anticorpos contra o coronavírus, visando o desenvolvimento de fórmulas para medicamento.

— A cavalaria biotecnológica procura os anticorpos e vai testá-los para, daí, desenvolver remédios e vacinas, mas isso vai levar tempo — pondera Joyner.

O Globo