Holiday rasga ficha de filiação ao DEM durante discurso

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Foto: Reprodução

A retomada da votação que discute projeto que pretende limitar o número de motoristas de aplicativos em São Paulo, nesta quarta-feira, foi marcada pela oficialização da saída do vereador Fernando Holiday do Democratas. Em discurso no plenário da Câmara, Holiday rasgou sua ficha de filiação ao partido e afirmou que a saída é motivada pela rivalidade com o colega de partido, Adilson Amadeu, autor do projeto em votação.

— Eu prefiro perder o meu mandato de vereador do que continuar aliado ao vereador Amadeu — afirmou, segundos antes de rasgar sua ficha: — Eu decidi sair do partido no dia que ele entrou — disse o vereador.

Amadeu rebateu as críticas de Holiday.

— Eu estava presente, quando ele veio implorar um cargo para o partido. Ele é jovem e tem muito o que aprender. Mas desejo boa sorte para ele.

Milton Leite (DEM) endossou as críticas.

— Vossa excelência não atingiu a quota eleitoral, apenas eu. Não acho razoável que você rasgue a ficha do partido que te deu um mandato — criticou o vice presidente da Câmara.

Holiday rebateu os colegas:

– Já há algum tempo eu tinha um desconforto em relação à presença do vereador e a defesa constante desse PL, não só por ele, mas tbm pelo Milton Leite. Agora, no momento de janela partidária e em que se vota esse projeto, achei que seria o ideal para me desfiliar. Comuniquei o diretório do DEM ontem à noite. Acabei de registrar minha filiação ao Patriota na mesa da Câmara.

O projeto de lei, segundo o político, fere a liberdade econômica e livre iniciativa que ele defende.

— Não podemos aprovar um projeto que pode acabar com milhares de empregos de um dia para o outro — defendeu.

Camilo Cristófaro (PSB) acusou Holiday de corrupção e lembrou as acusações de que o democrata teria recebido R$ 30 mil de caixa dois.

— Falar que está deixando o Democratas por causa da Uber é muita demagogia — afirmou, ressaltando que votaria contra o projeto de Amadeu.

Holiday anunciou ontem que sairá do DEM e irá para o Patriota. O vereador deve endossar a corrida à de Arthur do Val (Patriota), conhecido como Mamãe Falei, à Prefeitura.

O PL 419/2018 de Amadeu visa regular a atuação de aplicativos de transporte na cidade e foi alvo de diversas críticas, em especial por motoristas de aplicativo e seus representantes.

Em dezembro, motoristas protestaram no local contra a votação do PL que pretende reduzir o número desse tipo de motoristas (mais de 150 mil, segundo estimativas) para equipará-los ao total de taxistas (cerca de 40 mil). Além do impacto para os condutores, a lei pode encarecer as corridas e aumentar tempo de espera. O PL também prevê que o motorista seja proprietário do veículo que conduz e permite que se estabeleça valores máximos a serem cobrados por corrida.

A votação também é marcada por protesto esvaziado na área externa da Câmara, encabeçado por carro de som e militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que pediam rejeição ao projeto de Amadeu e apoio ao PL de Police Neto (PSD).

O projeto de Neto também trata da regulação da atuação das frotas, mas não propõe limite no número máximo de motoristas. A proposta inclui medidas como limitação do tempo de trabalho dos motoristas para evitar jornadas excessivas, como bloqueio de cada motorista no aplicativo por até 11 horas.

O PL 419/2018 segue em discussão.

O Globo