Patrões ditaram a Guedes MP contra trabalhadores
Foto: Sérgio Lima/Poder360
Nos dias que antecederam a apresentação de medida provisória para conter o desemprego, Paulo Guedes (Economia) conversou com pelo menos dez representantes do setor privado, nenhum do lado dos trabalhadores. Embora o ministro tenha dito que a medida provisória padecia de um erro de redação, parlamentares e técnicos afirmam que a suspensão dos salários é o plano do governo e a compensação com dinheiro público estava pronta e foi propositalmente atrasada.
Parlamentares afirmam que, em conversa com Rodrigo Maia (DEM-RJ), no sábado (21), o secretário especial do Trabalho, Bruno Bianco, informou que as duas medidas provisórias sairiam juntas. No dia seguinte, foi publicada apenas a que autoriza a suspensão dos empregos.
A quebra da promessa alimentou insatisfações no Legislativo e também no Judiciário. Segundo relatos, o presidente do STF, Dias Toffoli, enviou mensagem a Jair Bolsonaro e a Guedes informando que, se a MP não fosse revogada, seria derrubada.
Sem apoio político e jurídico, Bolsonaro decidiu revogar o trecho problemático, prometendo nova redação. A meia-volta expôs novamente a falta de coordenação do governo no enfrentamento do coronavírus, dessa vez das áreas econômica e jurídica.
Sindicalistas aumentaram o tom da queixa contra Guedes e o governo, a quem acusam de criminalizar a representação trabalhista. “Para eles, os trabalhadores são apenas números”, diz Ricardo Patah, da UGT. “Eles nem sabem que existe trabalhador no Brasil”, diz Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Já na agenda empresarial de Guedes, nas duas últimas semanas, há diversidade de setores, desde o agronegócio da BRF, as aéreas Gol, Latam e Azul, a telefônica Oi e até a chinesa Huawei, para desgosto de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Bianco conversou com a Febraban na sexta (20) e Marcelo Guaranys, o número 2 de Guedes, com a CCPR, dona da Itambé.