Presidente do Fed enfatiza controlar o coronavírus para retomar economia

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Foto: Eric Baradat/AFP

O presidente do Federal Reserve (Fed), Banco Central do Estados Unidos, Jerome Powel, afirmou nesta quinta-feira que o que determinará a reabertura da economia americana é o progresso no controle da propagação do novo coronavírus. No entanto, garantiu que o Fed estava tomando todas as medidas para apoiar uma recuperação vigorosa quando for a hora.

Em entrevista ao canal NBC, Powel disse que os EUA “podem estar em recessão”, mas a situação normalizará assim que o vírus estiver sob controle. O presidente do Fed falou por cerca de uma hora antes que os dados federais mostrassem um aumento recorde de pedidos de auxílio desemprego, que subiu para 3,28 milhões — uma evidência de que o distanciamento social para combater a pandemia está sendo respeitado, mas que também pode ter interrompido a expansão econômica do país.

A escolha de onde falou — um programa matinal de rede nacional em um horário que muitos americanos estão em casa e prestando atenção — fazia parte de uma mensagem destinada a preparar as pessoas para os dados econômicos sombrios que viriam, além de pedir calma por uma eventual volta ao trabalho e reafirmar que o Fed agiria “agressivamente” para manter empresas e famílias à tona.

— Não somos especialistas em pandemias. Nós queremos ouvir os especialistas. Dr. Fauci disse algo como o ‘vírus que vai definir o cronograma’, e me pareceu certo — disse Powell, em referência a Anthony Fauci, presidente do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, que está na força-tarefa da Casa Branca para combater o coronavírus. — A prioridade é controlar a propagação do vírus, e, depois, retomar as atividades econômicas.

As declarações de Powell contrastam com a insistência de alguns assessores do presidente dos EUA, Donald Trump, em uma reabertura econômica mais rápida. O próprio presidente disse que quer que a economia esteja “rugindo” até a Páscoa, daqui a pouco mais de duas semanas.

As autoridades do Fed que falaram sobre o assunto, agora incluindo Powell, adotaram uma abordagem mais rígida, concentrando-se na necessidade de primeiro controlar o vírus e, depois, restaurar a confiança entre trabalhadores e consumidores de que é seguro voltar aos negócios.

O presidente do Banco Central americano usou a aparição na televisão — em um formato diferente do que o de costume, dos noticiários ou conferências econômicas onde as cadeiras do Fed geralmente aparecem — para reforçar a mensagem e entender o que, para um banqueiro, é um passo incomum de reconhecer: a economia pode estar se contraindo mesmo antes que os dados econômicos confirmem isso.

Como regra geral, uma recessão é um período em que o nível geral de produção ou o Produto Interno Bruto (PIB) da economia se contrai por dois trimestres consecutivos. No entanto, a definição usada pelo Comitê de Informação por Ciclo de Negócios do Bureau Nacional de Pesquisas Econômicas (NBER, na sigla em inglês), que determina quando esses períodos começam e terminam, é muito mais flexível — e mesmo uma forte desaceleração ao longo de um mês ou dois pode não se qualificar como recessão se a recuperação for rápida e sustentável.

Os mercados de ações se recuperaram nos últimos dias, à medida que um gigantesco programa de ajuda econômica foi aprovado pelo Congresso, com mais de US$ 2 trilhões em pagamentos para famílias e auxílios para empresas.

Ainda assim, a situação atual é tão incomum que os dirigentes do Fed se tornaram atipicamente contundentes. Como nas reivindicações de auxílio-desemprego, espera-se que os próximos relatórios mostrem saltos tão grandes no desemprego e na perda de produção que o foco deles tenha mudado de subestimar a profundidade do problema para garantir que as empresas e as famílias passem o período com suas finanças intactas.

Para Powell, o fechamento de lojas para preservar a saúde pública “não é uma crise típica”

— Não há nada de fundamentalmente errado em nossa economia — declarou.

O presidente do BC americano afirmou que o objetivo dos trilhões de dólares em empréstimos e compras de títulos que o Fed autorizou nas últimas semanas é deixar uma economia saudável para que possa parar por tempo suficiente para manter as pessoas seguras, prevendo uma recuperação mais forte nos próximos meses.

Powell disse que o Banco Central fará empréstimos “agressivamente” para garantir que isso aconteça, com a expectativa de mais de US $ 440 bilhões do Tesouro dos EUA, permitindo que o Fed libere talvez US$ 4 trilhões em crédito para a “Main Street”.

— Quanto mais cedo passarmos por essa fase de controlar o vírus, mais cedo a recuperação poderá ocorrer. Sabemos que a atividade econômica provavelmente diminuirá substancialmente no segundo trimestre, mas acho que muitos esperam e que ela será retomada e que voltará a subir na segunda metade do ano — disse Powell.

O Globo