China quer rastrear portadores assintomáticos da Covid-19

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Foto: Nicolas Asfouri/AFP

Com o surto inicial de Covid-19 contido em seu território, a China divulgou novas medidas na quarta-feira para tentar impedir que “portadores silenciosos” assintomáticos do novo coronavírus causem uma segunda onda de infecções. O país tem relatado aumentos modestos em seus novos casos confirmados, quase todos importados.

Embora os novos casos tenham diminuído desde que a China impôs restrições rígidas a viagens, as autoridades pediram vigilância contínua em meio a temores de um ressurgimento de infecções, à medida que a economia volta a operar com normalidade e mais pessoas se movimentam.

A China continental registrou 63 novas infecções na quarta-feira, em comparação com 62 no dia anterior, informou a Comissão Nacional de Saúde. Desses, 61 eram viajantes vindos do exterior, elevando o número total de casos confirmados na China para 81.865.

O país também está cada vez mais focado em rastrear e conter portadores de vírus assintomáticos. Os números para esses casos só começaram a ser divulgados em 1º de abril, e há até agora 657 novos casos assintomáticos neste mês, dos quais 57 vieram a desenvolver sintomas.

O Conselho de Estado publicou novas regras para os serviços de saúde gerenciarem estes portadores assintomáticos coronavírus nesta quarta-feira .

De acordo com os regulamentos, as instituições médicas devem relatar a detecção de casos assintomáticos dentro de duas horas após sua descoberta. Os governos locais devem identificar todos os contatos próximos conhecidos do caso dentro de 24 horas.

Pacientes assintomáticos serão colocados em quarentena coletivamente por 14 dias e serão contados como casos confirmados se começarem a mostrar sintomas. As pessoas que tiveram contato próximo também devem ficar em quarentena por duas semanas.

Na rede social Weibo, semelhante ao Twitter, um dos tópicos mais discutidos na quarta-feira foi se “as pessoas assintomáticas são realmente assintomáticas?”. A discussão foi motivada a partir de uma entrevista com Liu Youning, professor de medicina respiratória do Hospital Geral do Exército de Libertação Popular.

Liu disse que portadores assintomáticos representam pouco risco, mas que as pessoas devem continuar a evitar áreas lotadas, manter o distanciamento social, usar máscaras e lavar as mãos.

Zhang Dingyu, presidente do Hospital Jinyintan, na cidade de Wuhan, o epicentro original do surto, disse que não estava preocupado com uma grande segunda onda de infecções, dadas as medidas de contenção em vigor. Wuhan retomou suas atividades nesta semana.

— Acreditamos que no futuro possam haver alguns casos esporádicos e até alguns surtos locais, como em uma empresa onde haja 20 ou 30 casos de contágio que se tornam um surto. Mas a possibilidade de um grande surto não existe realmente — afirmou ele a repórteres.

Zhang também disse que 14 pacientes em seu hospital haviam se recuperado da Covid-19, mas continuavam com testes positivos para o coronavírus.

— Atualmente, não ousamos deixá-los sair, mas podemos um dia entender que essa medida está errada — disse ele, acrescentando que esses pacientes apresentavam um grau de infecção “fraco”.

— O vírus já pode estar morto e acaba de deixar para trás alguns de seus detritos nas células — disse Zhang. — Estamos protegendo a todos, exageramos as medidas e o tratamento de proteção.

Segundo ele, a internação mais longa no hospital até agora foi de cerca de 60 dias.

O governo de Pequim anunciou na quinta-feira nova orientação para bares na capital, exigindo que as mesas fiquem a pelo menos um metro de distância e que sejam adotados vigorosos esforços de desinfecção.

Em uma medida atenuante, o centro comercial de Xangai disse que começará a reabrir algumas escolas a partir de 27 de abril.

Dos 61 novos casos confirmados que chegaram do exterior, 40 estão na província de Heilongjiang, no Nordeste da China, que compartilha uma fronteira com a Rússia. Todos são de chineses que retornaram, disse a agência de notícias estatal Xinhua.

A cidade de Suifenhe, em Heilongjiang, está construindo um hospital improvisado para gerenciar o aumento de casos importados, informou o Global Times na quinta-feira, já que todos os hotéis de isolamento da cidade estavam cheios.

Suifenhe fechou suas fronteiras para todas as chegadas e implementou restrições ao movimento de seus cidadãos na quarta-feira, semelhante às medidas observadas em Wuhan.

O Globo