Na Inglaterra, homens sofrem violência doméstica

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Embora em fração muito menor que as mulheres, homens também são vítimas de violência e viram sua situação agravada pelo confinamento, mostra relatório do Parlamento britânico divulgado nesta segunda (27).

Na primeira semana de lockdown, as ligações para o serviço de socorro masculino cresceram 16%, e o acesso ao site específico, 42%.

Homens agressivos também procuraram ajuda, mostra o relatório do Parlamento: as ligações ao Respect (respeito), serviço de orientação a homens que querem evitar episódios de violência, aumentaram 27%, e as visitas ao site, 125% em relação à semana anterior ao confinamento.

A violência contra a mulher, que é muito mais abrangente (afeta de um quarto a um terço das europeias, segundo pesquisas de organizações de direitos civis​), também subiu em número preocupante, diz o comitê que preparou o relatório.

Houve alta de 49% nos pedidos de socorro, e o tráfego no site se multiplicou por oito, com o triplo de visitantes.

“Há evidências de que os casos estão aumentando rapidamente, com níveis mais altos de violência física e coerção”, afirma o relatório.

Entre 23 de março, quando foi decretado o confinamento, e 12 de abril, houve 14 assassinatos domésticos de mulheres e 2 de crianças no país, segundo a ONG Counting Dead Women.

Segundo a organização, é o número mais alto em, ao menos, 11 anos. Na média dos últimos dez anos para períodos de 21 dias, foram cometidos no Reino Unido a metade dos assassinatos (5 mulheres mortas a cada 3 semanas por violência doméstica).

Os parlamentares querem que uma nova estratégia de combate seja introduzida, com formas de denúncia mais seguras em locais como supermercados e farmácias, já que o confinamento dificulta o pedido de socorro por telefone.

Sistemas semelhantes e a possibilidade de pedir ajuda por SMS ou internet foram adotados em vários países europeus, como Espanha, França, Itália e Portugal.

Faltam vagas, porém, nos abrigos: no último ano, 64% dos pedidos de espaço foram recusados, afirma o documento.

O comitê diz que, se não houver um fortalecimento das ações públicas, o mundo terá que conviver com “consequências sociais e emocionais do coronavírus por uma geração”.

Em todo o Reino Unido, 950 mil crianças sofrem violência doméstica a cada ano, diretamente ou indiretamente, como testemunhas. “Crianças expostas a violência em casa correm maior risco de ter problemas de saúde mental e física.”

O comitê considerou preocupante ainda a possibilidade de aumento de suicídios por causa de agressão doméstica.

“Antes da pandemia, três mulheres por semana morriam por suicídio para escapar do abuso. O número pode ser maior se incluir crianças e homens, cujas mortes por causa de abuso doméstico não são bem pesquisadas”, relata a associação Southall Black Sisters no documento do Parlamento.

Folha de SP