Governo se exime de culpa por apoiadores violentos

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Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, afirmou nesta segunda-feira que todo o governo Jair Bolsonaro considera inadmissível a agressão a jornalistascometida por apoiadores do presidente em frente ao Palácio do Planalto, durante um ato contra a democracia realizado no domingo.

Na ocasião, equipes de imprensa foram agredidas verbalmente ou com socos e chutes. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, complementou e disse que Bolsonaro se mostrou “bastante aborrecido” com o ocorrido, mas “não controla” os manifestantes.

– A liberdade de expressão é requisito fundamental e a liberdade de imprensa é prezada como um todo. O que nós pedimos é, exatamente, que mostrem todos os lados. Então qualquer tipo de agressão a jornalistas – isso é uma opinião minha, opinião do governo, de uma maneira geral – tem que ser apurada e é inadmissível. A gente não admite agressão à imprensa – declarou Braga Netto, no final de uma entrevista coletiva no Planalto, no fim da tarde.

Mais cedo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também havia criticado a agressão, em nota oficial divulgada à imprensa. Ele também defendeu a “independência” e “harmonia” entre os poderes. E declarou que a liberdade de expressão é “requisito fundamental” numa democracia. “No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável”, escreveu.

Segundo o chefe da Casa Civil, a manifestação de Azevedo e Silva reflete a posição do governo e do presidente Jair Bolsonaro, e a agressão tem que ser apurada “minuciosamente”.

– O presidente hoje de manhã se mostrou bastante aborrecido com esse fato que houve lá. É o que ele fala: ele não controla esse pessoal todo – comentou Ramos.

Pela manhã, na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro colocou em dúvida o ataque de manifestantes a profissionais do jornal “O Estado de S. Paulo” e ponderou que, “se houve a agressão”, os responsáveis devem ser punidos. Para o presidente, o protesto foi uma “manifestação espontânea, da democracia”.

– Teria havido uma agressão, teria havido, não sei… Condenamos qualquer agressão (…) Eu não vi nada, estava dentro do Palácio (do Planalto). Estava na rampa, não vi. Recriminamos qualquer agressão que, porventura, tenha havido. Se houve agressão, é alguém que está infiltrado, algum maluco, deve ser punido. Não existe agressão da nossa parte. Agora, vaia, apupo, tudo isso é natural da democracia – disse Bolsonaro.

Um repórter fotográfico do jornal foi empurrado da escada que usava para registrar as imagens do ato e, no chão, levou socos e chutes. O motorista que o acompanhava levou uma rasteira. Os profissionais deixaram o local escoltados pela Polícia Militar.

O Globo