Plano de Saúde demite médicos que não receitam cloroquina

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Uma das maiores operadoras de saúde privada do país, a Hapvida Saúde demitiu um médico e ameaçou desligar outros profissionais que não adotassem a hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com síndrome gripal suspeitos de Covid-19.

A Folha ouviu quatro médicos de dois estados que relatam pressões e teve acesso a mensagens de pelo três grupos de WhatsApp com a participação de profissionais do grupo Hapvida.

Em um desses grupos, um chefe de plantão informa que o grupo Hapvida está auditando os prontuários e fazendo “um ranking de médicos ofensores (os que não prescrevem a hidroxicloroquina)”. Na mesma mensagem, ele afirma que orientação é demitir aqueles que apareçam duas vezes no ranking.

Em outro grupo, o chefe responsável por uma unidade de saúde da Hapvida é direto e diz que não cabe discussão sobre a hidroxicloroquina. Ele faz um alerta para que os profissionais parem de informar os pacientes sobre o risco da medicação.

Na mesma mensagem, avalia que é necessário impedir o retorno de pacientes graves e alega que uma empresa do tamanho da Hapvida não faria algo sem ter algum tipo de respaldo. No entanto não apresenta provas científicas de eficácia do tratamento.

A pressão, além de configurar um possível assédio moral, também vai de encontro à resolução do Conselho Federal de Medicina que estabelece que cabe ao médico, caso a caso, avaliar a possível indicação da hidroxicloroquina para pacientes infectados com o novo coronavírus.

Em nota, o grupo Hapvida informou que a que “a recomendação do tratamento é uma soberania médica, que leva em conta o histórico individual de saúde de cada paciente”.

Folha de SP