Zambelli diz que Bolsonaro desconfiava de Valeixo

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Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou, em depoimento à Polícia Federal, em Brasília, nesta quarta-feira (13/5), que o presidente Jair Bolsonaro não confiava no ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo porque o ex-ministro Sergio Moro “era desarmamentista”. Moro e Valeixo são próximos e a demissão do delegado do comando da corporação resultou no pedido de demissão de Moro da pasta da Justiça.

De acordo com Zambelli, no começo de abril, Moro e o presidente Jair Bolsonaro tiveram discussões envolvendo a liberação do uso de armas. POr conta disso, o presidente teria levantando desconfiança em relação a Valeixo, pois a PF é responsável pela emissão de registro de cursos de tiro e liberação da posse e porte de armas pelo país. “Por esta mesma razão, o presidente não confiaria no delegado Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal, órgão responsável pela emissão de registros e porte de armas”, declarou a parlamentar em trecho do depoimento ao qual o Correio teve acesso na íntegra.

No dia 17 de abril ela enviou uma mensagem a Moro pelo aplicativo WhatsApp. Nos dias seguintes, Zambelli teve outras conversas com o ex-ministros, tentando fazer com que ele ficasse no governo. A parlamentar informou que foi incentivada por integrantes do Planalto a falar com Moro, citando o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e do chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten. Em troca da permanência, Zambelli ofereceu a Moro, chances dele ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Dentre as mensagens trocadas, há uma na qual a parlamentar pede para que Moro aceite Alexandre Ramagem (diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin) na PF. Zambelli afirma que a sugestão não se deu em razão de alguma conversa sua com o presidente, mas pelo fato de a imprensa estar divulgado o nome como possível sucessor.

A deputada garante não ter tido qualquer conversa com o presidente no sentido de o ex-ministro aceitar a substituição na PF tendo como contrapartida a vaga no STF, e pontuou ter ouvido falar de pessoas do Planalto que “Bolsonaro estava irredutível” quanto à troca na PF. A parlamentar pontuou, ainda que “poderia trabalhar junto ao Bolsonaro no sentido de o ex-ministro Sérgio Moro ocupar a futura vaga” quando o ministro Celso de Mello aposentar, ainda neste ano.

No dia 24 de abril, quando Moro pediu demissão, Zambelli relata que minutos antes do seu discurso ela mandou mensagem ao ex-juiz federal para convencê-lo a ficar no governo. Segundo a deputada, Moro não chegou a se encontrar com ela e apenas respondeu: “Se o PR (presidente) anular o decreto de exoneração, ok”, se referindo à exoneração de Valeixo. A parlamentar afirma que um dia antes conversou com Valeixo e que ele contou que havia pedido demissão naquele dia, mas Moro não aceitou.

Durante o depoimento, a deputada foi perguntada pela defesa de Moro sobre uma mensagem enviada a ele no dia 17 de abril, na qual escreveu “os casos da Lava Jato no Congresso precisam andar”. Zambelli afirmou que a afirmação se deu em razão de ausência de notícias de novas operações deflagradas nos últimos tempos.

Ao ser questionada se perguntou ao ministro sobre um inquérito específico, respondeu que “chegou a mandar ao ex-ministro uma matéria em que a PGR (Procuradoria Geral da República) cobrava conclusão de investigação sobre o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ, presidente da Câmara dos Deputados). Que esclarece que apenas perguntou se esse inquérito era de responsabilidade da Polícia Federal”, segundo depoimento. Conforme parlamentar, a pergunta partiu dela, e não do presidente por meio dela.

Correio Braziliense