Bolsonaristas ficam mudos no Whats App

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Foto: Reprodução

A manhã movimentada de acontecimentos relacionados à família de Jair Bolsonaro não refletiu em agitação entre apoiadores do presidente reunidos no WhatsApp. A prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, fez cair pela metade as mensagens trocadas entre bolsonaristas na plataforma. Os dados são referentes ao monitoramento de 1.734 grupos e foram obtidos pelo professor David Nemer, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.

Ao Sonar, Nemer indicou que na última terça-feira, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra membros da base bolsonarista, os grupos somaram 18,9 mil mensagens até entre meia-noite e 9h30m. No dia seguinte, quarta-feira, o número foi de 17 mil. Já nesta quinta, com Queiroz preso desde às 6h, foram trocadas apenas 9 mil mensagens nesse mesmo período.

A diminuição no fluxo de conversas tem motivo, segundo Nemer. Ele avalia que, na existência de poucas críticas a Bolsonaro por parte dessa base, a suspensão da troca de ideias se justifica como uma evidência de que há nela uma preocupação com o episódio envolvendo Queiroz, detido em um imóvel de Frederick Wassef, advogado de Jair e de Flávio.

— A autocrítica dos apoiadores e a crítica ao Bolsonaro não existem nesses grupos, o que mostra como eles se radicalizaram. Antes, era possível ver um debate, com perguntas e questionamentos. Hoje, quem questiona tem uma chance muito grande de ser removido. Nesse momento, a forma de entender o impacto que a prisão do Queiroz teve é analisar o silêncio, que representa a preocupação com Bolsonaro e o bolsonarismo como um todo — afirma o professor, projetando duas possibilidades: — Estão preocupados ou esperando conteúdo que os guie e dê um norte para a reação.

O fator surpresa da operação que prendeu Queiroz, diz Nemer, também pode ter sido definitivo para que os bolsonaristas tenham conversado menos uns com os outros nesta quinta-feira.

Em outras ocasiões, quando os apoiadores do presidente nutriam expectativas por determinados acontecimentos, eles costumavam ter respostas e contéudos prontos para reagir em defesa de Bolsonaro. Não à toa, as mensagens que mais circularam ultimamente foram ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou as diligências da última terça-feira contra integrantes da base presidencial.

— O ecossistema do WhatsApp bolsonarista não está preparado para trazer respostas, mesmo que em forma de desinformação, quando é pego de surpresa. Esses conteúdos estão sendo produzidos. Então, o que fica por enquanto é o silêncio — analisa Nemer.

O Globo