Weintraub cria crises pro governo até estando fora do governo

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Foto: Marcelo Camargo / O GLOBO

A alteração na data de exoneração do ex-ministro Abraham Weintraub não é uma simples correção. Isso muda tudo. O governo retificou no Diário Oficial com um decreto o dia em que ele deixou o cargo, do dia 20 (sábado) para o dia 19 de junho. A dúvida é sobre a maneira como Weintraub entrou nos EUA e sua situação por lá.

Isso cria um enorme ruído diplomático. O governo brasileiro pode ser chamado a dar explicações. Eu conversei com uma fonte do Planalto que me disse que o presidente Jair Bolsonaro não sabia que ele tinha viajado antes da data que havia saído a exoneração. Por isso, decidiu-se retificá-la porque isso protege o governo de ser acusado de ter feito uma armação para ajudar o ministro.

Weintraub tinha passaporte diplomático e é provável que tenha usado o documento ao entrar nos Estados Unidos porque já está postando fotos nas ruas americanas, perto de restaurantes de fast food. A mudança altera a situação do ex-ministro nos EUA. Quando entrou lá, ele já não era mais ministro.

Weintraub foi aos EUA assumir a diretoria do Banco Mundial, mas já há resistência muito grande ao nome dele. A cadeira que ele vai ocupar representa o Brasil e mais oito países. A revisão do decreto de exoneração complica a situação do ex-ministro.

Hoje, Bolsonaro vai se reunir com um candidato ao cargo de ministro, Renato Feder, secretário de Educação do Paraná. Ele é economista e empresário, nunca foi educador. Eu conversei com fontes do setor hoje pela manhã. Elas me contam que Feder teve uma gestão confusa como secretário de Educação no Paraná.

O novo ministro da Educação, seja quem for, enfrentará uma briga grande se quiser fazer um bom trabalho na pasta. O Ministério hoje está aparelhado pelos chamados olavistas, os seguidores de Olavo de Carvalho.

Nessa área, o governo tomou uma boa decisão ao revogar uma portaria do ex-ministro, divulgada no apagar das luzes, que revogava o incentivo à política de cotas na pós-graduação. Mas ele também deixou outra decisão ruim. Weintraub indicou 12 pessoas para o Conselho Nacional de Educação, a maioria sem experiência na área educacional e tirando fora pessoas que poderiam ser reconduzidas e que têm feito um bom trabalho. O órgão é muito importante. Define diretrizes no setor e vinha ocupando o espaço que a gestão do ex-ministro deixava vazio pela sua inoperância.

O Globo