EUA continuam escalada contra China e fecham consulado

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Foto: JASON LEE / AFP/22-07/2020

Os Estados Unidos ordenaram o fechamento do consulado chinês em Houston “para proteger a propriedade intelectual americana e as informações privadas dos americanos”, disse uma porta-voz do Departamento de Estado nesta quarta-feira. Pequim, que tem três dias para encerrar as atividades no consulado, protestou vigorosamente contra a decisão, anunciada num contexto de escalada da crise diplomática entre os países.

— A Convenção de Viena diz que os diplomatas de Estado devem “respeitar as leis e as regras do país anfitrião” e “têm o dever de não interferir nos assuntos internos desse Estado” — afirmou a porta-voz Morgan Ortagus, durante visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, a Copenhague.

A decisão tem como pano de fundo as tensões crescentes entre os dois países em várias frentes: a polêmica lei de segurança nacional em Hong Kong, as acusações de espionagem contra a China no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, a perseguição aos uigures em Xinjiang, a ação americana contra a Huawei e as reivindicações chinesas no Mar do Sul da China.

— Os Estados Unidos não vão tolerar qualquer violação da nossa soberania, nem intimidação do nosso povo por parte da China, como tampouco toleramos as práticas comerciais injustas, o roubo dos empregos americanos e outros comportamentos. O presidente Trump insiste na justiça e na reciprocidade em nossas relações com a China — acrescentou a porta-voz.

A China tem cinco consulados nos Estados Unidos. O de Houston, no Texas, foi aberto em 1979.

Segundo jornais locais, os bombeiros foram na noite desta terça-feira ao consulado chinês, porque documentos estavam sendo queimados no pátio do edifício. No Twitter, a polícia local disse que se via fumaça, mas as autoridades consulares chinesas não permitiram a entrada no prédio.

As autoridades chinesas denunciaram a ordem de fechar o consulado, que classificaram de “provocação política” que prejudicará as relações diplomáticas bilaterais.

— A China condena veementemente esta decisão tão ultrajante e injustificada que irá sabotar a China e os EUA — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin. — Pedimos aos EUA que recuem imediatamente dessa decisão errônea, caso contrário, Pequim responderá com contramedidas legítimas e necessárias.

A China acusou os EUA de assediarem funcionários diplomáticos e de intimidarem estudantes chineses, confiscarem dispositivos eletrônicos pessoais e deterem-nos sem justa causa. Missões e pessoal diplomático chineses também receberam recentemente ameaças de bomba e morte, acrescentou Wang.

As autoridades chinesas também acusaram os EUA de “calúnias”, depois que dois de seus cidadãos foram indiciados por ciberataques a empresas envolvidas na busca de uma vacina contra o novo coronavírus. A acusação foi feita nesta terça-feira pelo Departamento de Justiça contra Li Xiaoyu, de 34 anos, e Dong Jiazhi, de 33, “dois hackers chineses (que) trabalhavam com o Ministério chinês da Segurança”.

Em comunicado, o governo chinês refutou as acusações e disse que “infiltração e interferência nunca estiveram nos genes e na tradição da política externa da China”.

— O governo chinês é um fervoroso defensor da segurança cibernética e sempre se opôs a ataques cibernéticos — acrescentou o porta-voz, exortando Washington a “acabar com essas calúnias e difamações” contra a China.

Segundo as autoridades americanas, os dois hackers se conheceram durante seus estudos de engenharia e roubaram segredos industriais avaliados em milhares de dólares ao longo de dez anos.

Recentemente, teriam tomado como alvo empresas da Califórnia que trabalham na busca de uma vacina e de um tratamento para o novo coronavírus, de acordo com o promotor federal responsável pelo caso, William Hyslop.

Li e Dong não foram detidos e estariam na China hoje.

O governo do presidente Donald Trump mantém há meses um tom bastante crítico em relação às autoridades chinesas, as quais acusa de terem escondido a magnitude da propagação da Covid-19 desde o surgimento da doença na cidade de Wuhan, no final de 2019.

O Globo