PM que socorreu vítimas em Suzano fala em “terrorismo”

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

O último dia 21 marcou o dia internacional de apoio às vítimas de terrorismo. No Brasil, o caso mais recente aconteceu em Suzano no começo do ano passado, terminando com dez mortes (incluindo as dos dois assassinos).

VEJA conversou com o policial militar Eduardo Andrade Santos, primeiro PM a entrar na cena do crime e dar voz de prisão a um dos terroristas, sobre a importância da data.

“Na manhã do dia 13 de março do ano passado, eu estava na minha garagem quando ouvi tiros do lado de casa, que fica atrás da escola. Vi crianças correndo, ensanguentadas. Perguntei a um jovem o que estava acontecendo, e ele me disse que havia dois atiradores na escola. Entrei em casa, peguei a arma e o distintivo e corri.”

É assim que o policial militar relembra o fatídico 13 de março, quando dois jovens invadiram a Escola Estadual Professor Raul Brasil. “Entrei no prédio e me deparei com pessoas no chão e muito sangue. Vi um dos assassinos indo atrás de alguns meninos e lhe dei voz de prisão. Ele levantou a arma e deu um tiro na minha direção. Por sorte, ele errou a mira e saiu correndo”, conta.

O atirador se trancou no centro de línguas e Eduardo foi atrás, pedindo que o jovem se entregasse e afirmando que o prédio estava cercado — embora, na verdade, ele fosse o único PM por ali. Alguns minutos depois, assim que a força tática chegou ao local, Santos ouviu dois estampidos, que denunciaram a morte dos terroristas.

Quase um ano e meio após a tragédia, o policial acumula visitas à escola e aos sobreviventes, dando palestras e conversando com as vítimas e seus parentes.

“Nessas situações, muitos pais, professores e alunos me pediram pessoalmente que eu fosse candidato a vereador em 2020. Fiquei relutante a princípio, pois não gosto muito de política”, conta. Depois de certo tempo, porém, Eduardo mudou de ideia e resolveu fazer a pré-candidatura para ser vereador de Suzano.

Seu principal projeto é evitar que incidentes como o do dia 13 de março caiam no esquecimento. “Desde o que aconteceu, o clima no meu bairro ficou quase catatônico. Meus vizinhos saem pouco de casa, dormem cedo, não se comunicam tanto quanto antes. Mas, nos bairros próximos, o incidente já virou história”, afirma.

“É por isso que a data do dia 21 é essencial. Uma data internacional que se dedica a apoiar vítimas de atos terrorista não pode passar em branco de forma alguma. Marcar uma data comemorativa não significa se afundar na desgraça que aconteceu, mas alertar a sociedade e os políticos sobre a necessidade de se fazer algo para ajudar essas pessoas”, opina Santos.

“Quando uma tragédia acontece, não faltam pessoas que expressem sua compaixão e políticos que prometam mudanças. Mas, se aprendi algo com tudo que aconteceu, foi que as pessoas que não foram diretamente afetadas pelo incidente se esquecem dele com rapidez. Isso é inaceitável e precisa mudar. Precisamos cobrar formas de evitar que coisas do tipo aconteçam de novo. De uma vez por todas.”

Veja