Ditador de Belarus diz ser insubstituível

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Foto: Alexander Nemenov/AFP

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, admitiu nesta terça-feira, 8, que ficou no poder além do limite, mas descartou a possibilidade de deixar o cargo devido a protestos a favor de sua renúncia. Apelidado de ‘último ditador da Europa’ por estar no poder há 25 anos, ele afirma que Belarus cairá com um banho de sangue caso ele deixe o cargo, declarando que a Rússia será a próxima.

“Sim, talvez eu tenha ficado um pouco mais na poltrona, mas, efetivamente, agora só eu posso defender Belarus”, afirmou Lukashenko a emissoras russas, na primeira entrevista desde que venceu as eleições para um sexto mandato consecutivo – quando foi acusado de fraude pela população e pela comunidade internacional.

Desde que os resultados da corrida eleitoral foram divulgados no dia 9 de agosto, afirmando que o governante derrotara a adversária Svetlana Tikhanovskaya com 80% dos votos, uma onda de protestos toma conta de Belarus. O movimento, que já mobilizou mais de 100.000 pessoas, é rejeitado por Lukashenko. Segundo ele, caso atenda aos pedidos por sua renúncia, pode acontecer um banho de sangue.

“Não sairei assim. Dediquei 25 anos à construção de Belarus. Não vou jogar tudo para o alto de uma vez. Além disso, se eu sair, meus apoiadores vão cobrar”, afirmou.

O ‘último ditador da Europa’ também disse que “se Belarus cair, a Rússia será a próxima”, porque “todo o sistema cairá”. Durante sua campanha eleitoral, após acusar a Rússia de tentar derrubá-lo por se recusar a se submeter a Moscou, Lukashenko deu uma guinada de 180 graus, pedindo o apoio do país frente às manifestações sem precedentes contra sua vitória. O presidente russo, Vladimir Putin, já disse que estava pronto para enviar tropas, caso necessário.

Apesar de disposto a compartilhar o poder com outras lideranças políticas, novas eleições não vão ocorrer “até que me matem”, segundo o presidente. De acordo com a agência estatal de notícias Belta, Lukashenko anunciou que poderia entregar o poder após um referendo sobre possíveis mudanças na Constituição. Segundo ele, as mudanças já estão em andamento, mas não acontecerão sob pressão.

A oposição, representada por um conselho criado para coordenar uma transição política, recebeu esse plano de mudanças com desconfiança, mas Lukashenko disse que não cogita negociar com o grupo – que é perseguido pelas forças de segurança bielorrussas.

“Não vou conversar com o conselho de coordenação da oposição, pois não sei quem são essas pessoas. Elas não são oposição nenhuma”, argumentou, ao acusar os integrantes da entidade de quererem “quebrar” laços com a Rússia e de planejarem medidas para tirar a gratuidade da educação e da saúde.

O governante justificou a prisão, também nesta terça-feira, da líder opositora Maria Kolesnikova, desaparecida desde o dia anterior, dizendo que ela havia tentado fugir ilegalmente para a Ucrânia. A oposição afirma que ela foi sequestrada e coagida a deixar o país, mas recusou-se, rangando o próprio passaporte.

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